De fato, a quinta-feira foi bastante agitada nos noticiários esportivos. O dia começou com a prisão dos presidentes da Conmebol, Juan Ángel Napout, e da Concacaf, Alfredo Hawit Concacaf. Mais tarde a coletiva do Comitê Executivo da Fifa para anunciar as reformas que acontecerão na entidade e que foi fortemente marcada pelo questionamento de um jornalista ao presidente interino Issa Hayatou: “Você é acusado de receber 1,8 milhão de euros para votar no Catar como sede da Copa de 2022. Você é corrupto? A Fifa é corrupta?”.
Ainda pela manhã de hoje o Comitê de Ética da Fifa anunciou que Marco Polo Del Nero está sob investigação por ter cometido “diversas infrações”. Além da Fifa, o brasileiro também está na mira do FBI. Pela tarde, Loretta Lynch procuradora-geral do departamento de Justiça dos Estados Unidos, esclareceu a todos que o dirigente da CBF e Ricardo Teixeira foram indiciados.
Em meio a tanta pressão, não restava outra a Del Nero. Pediu licença da presidência da CBF. Pediu licença para poder indicar um de seus vices na entidade. Caso tivesse renunciado, pelo estatuto, quem assumiria seria Delfim Peixoto, seu inimigo declarado. Pela noite, a nota emitida no site da CBF apontava que o interino era Marcos Antônio Vicente.
Vale lembrar que, após as prisões dos sete dirigentes, incluindo Marin, em maio, as autoridades americanas tornaram públicos alguns documentos comprometedores a três brasileiros. Esta investigação do FBI cita que três cartolas brasileiros receberam propina de empresas de marketing esportivo durante a venda de direitos da Copa América e da Copa do Brasil.
Um deles é Marin. Os outros dois, até então, não tiveram seus nomes citados, mas eram “o antecessor de Marin” – ou seja, Ricardo Teixeira – e “um dirigente com alto cargo na CBF, na Conmebol e na Fifa”. Na época só um cartola preenchia esses requisitos. Del Nero chegou a negar que fosse ele.
Além dos estrangeiros, brasileiros também estão atrás de Teixeira e Del Nero. Nesta semana, a CPI do Futebol aprovou a quebra de sigilos fiscal e bancário de Ricardo Teixeira. Já de Marco Polo, a comissão aprovou a quebra do sigilo telefônico, além de uma investigação dos correios eletrônicos e da movimentação na internet dele com Marin.
Enfim, Del Nero se encontra na mais profunda escuridão. Se sair do país, será autuado pela Interpol, que o levará diretamente ao FBI. E, finalmente, ressaltarei a recomendação do promotor distrital de Nova York, Robert Capers. “Se você estiver envolvido, o momento é agora para você se aproximar e confessar”. Resumindo, é melhor os brasileiros se entregarem logo, pois se o FBI pegá-los — e com certeza vão — vai ser muito pior.