Bicampeão mundial de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi é uma das maiores referências do Brasil no automobilismo. Conquistou seu primeiro título em 1972 e tornou-se o campeão mundial mais jovem da história da modalidade, recorde que manteve por mais de três décadas e que só foi quebrado em 2005, pelo espanhol Fernando Alonso.
Em entrevista ao Site do Carsughi, durante o lançamento de uma linha personalizada de relógios Technos, que homenageia o ex-piloto de 68 anos, Emerson falou sobre o que espera das próximas gerações do automobilismo, a tecnologia na modalidade e ainda deu o seu palpite sobre as equipes que brigarão pelo título da próxima temporada da Fórmula 1.
Depois do Ayrton Senna, nenhum brasileiro conseguiu um título mundial. O que ocorreu para que isso acontecesse?
Eu acho que o Brasil teve muita sorte em ter três campeões mundiais: Nelson Piquet três vezes, Ayrton Senna três e eu duas. Mas trouxe uma imagem para o Brasil que parece fácil ser campeão mundial. Porém é muito difícil. Eu acho que as gerações novas, que estão aparecendo agora, têm chances. Para você ganhar qualquer campeonato do mundo, as condições têm de ser favoráveis no ano todo. Nessa turma que está aí, o Felipe Nassr está andando muito bem. Não está no melhor carro, mas tem gente nova chegando aí. É o incentivo que a gente tem que dar para as próximas gerações. Acho que depende de nós apoiá-los e incentivá-los no esporte.
Temos visto muitos brasileiros perdendo espaço na F-1. Qual é o futuro do Brasil no esporte?
Eu acho que é a gente incentivar a base do Kart. Há um programa feito pela Telmex mexicana, para levar um jovem do país até a Fórmula 1 desde o kart. Os mexicanos Sérgio Perez e Esteban Gutiérrez entraram nesse programa, que é muito bem organizado. O primeiro brasileiro a entrar nele é o Pietro, meu neto, e a ideia do programa é dar chance a um piloto jovem de chegar à Fórmula 1.
O seu filho já vem se destacando no Kart. Acredita que ele possa ser mais um Fittipaldi na F-1?
É um caminho muito longo, mas ele é um apaixonado por Fórmula 1. Eu estava no México semana passada, ele ganhou a corrida e foi na casa do amiguinho em Guarulhos. Aí ele mandou uma foto com os dois de capacete andando no simulador à noite. Depois o pai do amigo mandou uma outra foto no dia seguinte dos dois tomando café da manhã de capacete. Isso é a paixão. Nessa turminha nova que está aí, tem muita molecada apaixonada pelo automobilismo. Os coleguinhas dele, que correm aqui, vão correr na Granja Viana e correm no Brasil inteiro. É a geração nova que está chegando. Vamos incentivar para eles chegarem lá.
Com as novas tecnologias, os carros acabam ganhando mais destaque que os pilotos. Você acha que a F-1 tem ficado mais sem graça em função disso?
Eu acho que o carro, hoje, está separando muito as equipes, e a tecnologia ajuda um piloto jovem a andar rápido, mas na hora em que larga em um Grande Prêmio, os pilotos fazem a diferença. Piloto ainda é muito importante. Esperamos que haja um equilíbrio maior nos carros.
Nos últimos anos, os campeonatos foram definidos com os campeões muito à frente dos demais pilotos. Neste ano, Hamilton venceu o Mundial com autoridade, a três GPs para o término da temporada. Podemos esperar um campeonato mais emocionante em 2016?
A Ferrari está chegando. A Williams melhorou bastante, mas a briga para o ano que vem pelo título com certeza ficará entre Mercedes e Ferrari.