No último jogo do Brasil no ano, os comandados por Dunga venceram o Peru por 3 a 0; mas antes de falar da partida, a escalação inicial brasileira merece algumas observações.
A começar pelo goleiro Alisson, que hoje teve sua melhor atuação vestindo a camisa verde-amarela e pareceu ter consolidado sua titularidade. Ademais, em relação ao time que começou em campo contra a Argentina, o Brasil tinha três alterações: Gil, Renato Augusto e Douglas Costa.
Gil teve atuação segura, anulou Guerrero e coroou sua apresentação salvando, em cima da linha, o que seria o gol de honra do Peru.
Já a presença de Renato Augusto foi totalmente determinante para que o desempenho dos brasileiros fosse positivo. O meia acionou um elemento que vínhamos cobrando há muito tempo: as infiltrações de Elias ao ataque. Jogando mais recuado na etapa inicial, Renato Augusto proporcionava mais qualidade à saída de bola da equipe — problema grave que ficou evidente em Buenos Aires — e dava mais liberdade para o volante avançar. Nesse ponto, o entrosamento adquirido no Corinthians contou bastante. Já na etapa complementar, o camisa dezoito da Seleção passou a ficar mais adiantado, tendo trabalho focado na criação das jogadas no ataque, e ainda assim continuou fazendo com que Elias ficasse à vontade no duelo. Por fim, marcou o gol que reflete a ótima fase que está vivendo.
Quanto a Douglas Costa, deu mais agressividade à Seleção Brasileira e foi, ao lado de Willian, o maior destaque da partida. Ele participou diretamente dos três gols — marcou o primeiro, deu passe para o segundo e obrigou o goleiro adversário a espalmar a bola nos pés de Filipe Luis para fazer o terceiro. O posicionamento do atacante do Bayern me chamava bastante a atenção visto que sempre alternava com alguém. Ora estava na ponta direita, ora na esquerda, ora centralizado, fazendo com que o Brasil não fosse tão previsível ofensivamente. Além disso, era por meio das jogadas individuais que o brasileiros levavam mais perigo à meta adversária, e o camisa sete foi o responsável pela maioria delas. Foi desse tipo de lance que os três gols saíram.
Outro fator determinante para o triunfo brasileiro foi ter explorado as maiores fraquezas do Peru. A seleção visitante tinha uma avenida no lado esquerdo, pela qual o Brasil criou as jogadas dos três gols. Willian e Douglas Costa fizeram o que bem queriam por aquele setor. Yotún, coitado, foi mera vítima de sua própria deficiência de marcação.
Nessas Eliminatórias, vimos que o Brasil precisa de tempo. As apresentações frente à Venezuela e Peru foram mais convincentes porque as condições eram favoráveis: jogando em casa, contra adversários mais fracos e com maior tempo de preparação.
Uma analogia perfeita para essa situação é a própria partida em Salvador. Nos dez minutos iniciais, só dava Peru no ataque. O Brasil demorou para se encontrar no jogo. A partir do momento em que encaixou a marcação, começou a ter o domínio do duelo e não perdeu mais. Ou seja, precisou de tempo para se arrumar.
A questão é que, agora, esse tempo precisa ficar cada vez mais curto e os resultados ainda melhores. Não falo com base em placares, mas em desempenho. O próximo encontro da Seleção será frente o Uruguai, na Arena Pernambuco, dia 24 de março. Um bom desafio para reconquistar a confiança do torcedor, apresentando bons e imediatos resultados.
Além disso, a “neymardependência” aos poucos perde tamanho, visto que agora outros jogadores se encontraram no time. Willian jogou bem em todos os jogos até aqui e é o maior destaque do Brasil no torneio, enquanto Douglas Costa já deu provas de seu potencial com a camisa verde-amarela.
Não fechamos o ano como queríamos, mas encerramos bem. Sete pontos em quatro jogos não é ruim, ainda mais por estar acompanhado do terceiro lugar na classificação.