Raras vezes um jogo oficial opondo, em Buenos Aires, Argentina e Brasil se apresentou tão favorável para a seleção canarinho, que ganhou o reforço de seu melhor jogador, Neymar, e pode contar com todos os escolhidos por Dunga, sem qualquer problema de contusões.
Já do outro lado, os problemas são enormes. Sem seu melhor jogador, Messi, a Argentina ainda se viu privada de Aguero e Tevez, além de ter Pastore, que seria outra opção, em más condições físicas, a ponto de se pensar em resguarda-lo para o jogo frente à Colombia. A isso se somam ausências também na defesa, que já não é lá das melhores, para compor um quadro de absoluta emergência. O que, somado ao desastroso início de eliminatórias (derrota em casa para o Equador e empate em Asunción com o Paraguai), faz com que o time da casa pareça um boxeador pronto para ir a nocaute. E sofrendo toda a pressão da torcida para um resultado positivo.
Terá, porém, o Brasil de Dunga a coragem necessária para ir à frente, explorar a fraqueza da defesa argentina e impor um jogo de passes rápidos, em profundidade, que seria, em minha opinião, o melhor caminho para chegar à vitória. Por exemplo, com Ricardo Oliveira centralizado e Neymar e Douglas Costa (ou Hulk) nas duas faixas laterais, convergindo para o centro na hora da finalização ?
Ficou evidente, para quem seguiu os últimos jogos da Argentina, que sua defesa, quando atacada em velocidade, entra em crise. Exemplo claro disso é seu defensor pela direita, Roncaglia (conheço-o muito bem, pois joga no meu time, a Fiorentina), vigoroso e relativamente bom marcador, mas lento, sobretudo se comparado a Neymar.
Conhecendo Dunga, tenho minhas dúvidas. Talvez ele prefira um esquema mais cauteloso, com Neymar e mais um na frente e uma boa marcação sobre Higuain que, apoiado por Lavezzi e Di Maria constitui o ponto alto desta Argentina. E opte por uma jogada de contragolpe em velocidade para tentar a vitória. Mas para mim ficaria, então, a curiosidade de saber o que teria acontecido com um esquema mais ofensivo, perfeitamente possível de ser tentado já que, na pior das hipóteses, uma vitória da Argentina, em Buenos Aires, não seria desastre algum, apenas a repetição do que já ocorreu tantas vezes no passado.