Se o torcedor madridista já pedia a saída de Florentino Pérez, imagine a de Rafa Martínez, que já era pressionado durante a semana e teve até substituto especulado para o seu posto no Real Madrid: Zidane, atual treinador do Real Madrid B.
Hoje, Rafa Benítez escalou o time que torcedor desejava. Uma equipe totalmente ofensiva com todas as suas estrelas em campo. Segue a escalação: Navas, Danilo, Sergio Ramos, Varane, Marcelo; Modric, Kross e James Rodríguez; Bale, Cristiano Ronaldo e Benzema. Curiosidade: Sergio Ramos é o único espanhol da equipe.
Benítez esquematizou o time que evitaria uma série de críticas que recairiam sobre ele caso não perdesse pelo humilhante resultado de 4 a 0. Agora, visto que suas apostas foram cruciais para o resultado final da partida, as horas do treinador estão contadas em Madrid.
O jogo
O Real Madrid era dono da melhor defesa do Campeonato Espanhol e, até mesmo, de seu grupo na Liga dos Campeões. Muito disso se deve a Casemiro, que protegia a cabeça da área com seu forte caráter de marcação. Hoje, o brasileiro não esteve em campo por pura opção tática de Rafa Benítez, e assim o meio de campo do Barcelona — maior arma da equipe — teve total liberdade para atuar na intermediária ofensiva do adversário.
Enquanto Messi esteve fora se recuperando de lesão, Suarez e Neymar foram os únicos responsáveis para balançar as redes dos rivais. No Santiago Bernabéu, o argentino começou no banco, e a dupla mais uma fez deu prova de seu entrosamento para iniciar o espetáculo catalão. Além disso, Iniesta passou a integrar o time dos artilheiros ao marcar o terceiro gol do Barcelona, antes da entrada de Messi. Ou seja, somente Neymar, Suarez e Iniesta fizeram gols na ausência do argentino.
O brasileiro foi o maior destaque da partida, seguido pelo uruguaio e pelo espanhol, este que teve atuação impecável e entrou para a história do clássico ao deixar o campo aplaudido pelo lotado Santiago Bernabéu — fato ocorrido somente com Johan Cruijff e Ronaldinho Gaúcho. Nos cinco jogos que Neymar teve contra o Real Madrid, ele marcou três gols, e esta foi a primeira partida da qual saiu como melhor em campo.
Se o Real não tinha boa marcação à frente da dupla de zaga, tampouco tinha saída de bola. Vimos uma equipe muito má organizada taticamente e bastante nervosa. O gol de Neymar saiu por meio de um triste erro de saída de jogo madridista. E o pior é que foi assim do início ao fim do confronto. Em suma, ficou sem marcação na entrada da área, sem saída de bola e sem apoio nas laterais. Três pontos nos quais as atenções da comissão técnica deveriam ser especiais em função das características ofensivas do Barcelona.
Messi entrou no jogo na etapa complementar, mas não tinha necessidade. Contudo, o mais interessante para tirarmos dessa alteração de Luis Enrique e fazermos uma comparação com o treinador rival, trata-se de uma questão de justiça. Sergi Roberto, que começou na vaga do argentino, em teoria deveria sair, mas não foi assim. O atacante prata da casa jogou uma barbaridade e foi muito bem no primeiro gol de Suarez. Em razão disso, o treinador do time catalão optou por tirar Raktic. Diferente do treinador madridista, que foi influenciado pela pressão de seus jogadores no vestiário e da torcida nas arquibancadas.
Outro grande destaque da partida foi Claudio Bravo, que fez oito defesas e anulou Cristiano Ronaldo — um dos piores em campo (talvez o pior) — com uma bela defesa à queima roupa. Se não fosse pelo arqueiro chileno, o placar poderia ter sido melhor para o Real Madrid. Todavia, vale lembrar que o Barcelona perdeu uma série de oportunidades, especialmente com Munir, que fora presenteado por Neymar duas vezes na cara do gol.
O Barcelona jogou em ritmo de treino com seus passes refinados e poderia ter feito muito mais, mas o placar de 4 a 0 reflete bem o que foi o jogo.