O dia treze de outubro de dois mil e quinze entrará para a história do São Paulo Futebol Clube, pois marcará o início de uma nova era. Carlos Miguel Aidar confirmou que renunciará à presidência da agremiação após ser pressionado pela ameaça de um impeachment e pela perda da mínima base aliada. Até a próxima terça, quando oficialmente deixará o posto, o cartola se reunirá com dirigentes do clube para esclarecer tudo que foi enfuscado sob sua gestão como, por exemplo, o caso Iago Maidana, o fracasso da venda de Rodrigo Caio para a Espanha e as denúncias de corrupção feitas por Ataíde Gil Guerreiro.
A crise política já me parecia prevista em razão de sempre haver conflitos nas reuniões dos conselhos do clube; todavia, o desfecho de toda essa história se deu de forma totalmente alastrante e inesperada.
No fim do ano passado, Aidar trocou uma série de farpas com seu ex-aliado, Juvenal Juvêncio, e quando o atacava por meio da mídia, também atingia a grande maioria dos integrantes dos conselhos deliberativo e consultivo do clube, que apoiavam o seu antecessor. A partir daí, um racha incrível passou ganhar mais tamanho e São Paulo passava a ficar dividido entre os que apoiavam Carlos Miguel e os aliados a Juvenal.
E por falar em suas aparições midiáticas, impossível esquecer do que aconteceu em fevereiro deste ano, quando Aidar recebeu uma ligação direta do presidente da torcida organizada do clube, enquanto concedia entrevista a repórteres no CT Barra Funda e, logo depois, atendeu o Secretário-adjunto de Segurança de Pública do Estado de São Paulo, expondo-o sem o seu conhecimento para toda imprensa com o telefonema no modo viva-voz. Um episódio que, por mais singelo, claramente apresentava um presidente com atitudes infantis, absurdas e totalmente reprováveis.
Sem falar de todos os episódios do caso Osorio, o qual pôde marcar grandes desavenças entre presidente e seu vice, que até então era o único aliado às duas partes são-paulinas — Aidar e Juvenal —, e das críticas feitas por Abílio Diniz com respeito à sua gestão, que amplamente mancharam a imagem do cartola são-paulino.
Agora, depois de ser aconselhado pela família a abandonar o cargo para evitar um processo de impeachment, ouvido pelos sócios de seu escritório de advocacia, nocauteado por Ataíde e ter deixado o departamento futebolístico sem pé nem cabeça em razão da saída de uma série de dirigentes, Aidar finalmente renunciará. Na terça-feira, o presidente do Conselho Deliberativo, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, receberá a carta de renúncia e terá trinta dias para convocar novas eleições.
Pelo estatuto, o mandato interino não conta como reeleição. Assim, Leco, se de fato for o escolhido neste processo de sucessão, pode ficar até sete anos e meio no comando do Tricolor. Ele comandaria pelos próximos 18 meses e, depois, por mais seis anos, até 2022.
Aidar, o fim tão esperado de uma era.