Quem assistiu ao confronto do último domingo entre Arsenal e Manchester United, percebeu que Alexis Sánchez não pode ter um milímetro de liberdade, visto que o atleta deitou e rolou sobre a equipe de Van Gaal marcando dois gols em vinte minutos. E, frente ao Brasil, sua movimentação me chamou muita atenção na etapa inicial.
A Seleção Brasileira travou um duelo de muito equilíbrio nos primeiros quarenta e cinco minutos frente ao Chile. Erros e oportunidades surgiram para ambos os lados. A equipe da casa priorizava o toque de bola, então eram raros os momentos em que saía para o jogo com chutões para frente. Já o Brasil, tinha postura interessante na intermediária ofensiva, com o quarteto de ataque — Oscar, Willian, Douglas Costa e Hulk — adiantando a marcação e pressionando a saída de bola do adversário. Por outro lado, Marcelo sempre era atraído pela movimentação de Alexis Sánchez, que partia da ponta em direção ao meio, fazendo com que Isla tivesse uma avenida para avançar ao ataque.
Diante de uma defesa que não é alta, o Brasil abusava do famoso “chuveirinho”. O grande ponto da questão é que o time verde-amarelo não contava com um centroavante de ofício, que jogasse dentro da área, para concluir com qualidade à meta de Bravo. Assim, cedia muitos contragolpes aos chilenos, que exploravam o centro da intermediária defensiva brasileira para criar — um problema que merece atenções redobradas de Dunga.
Ou seja, do meio para frente tinha compactação em razão do adiantamento da linha de três; todavia sobrava um espaço enorme na intermediária defensiva na recomposição.
Se no primeiro tempo o Brasil criou expectativas de que poderia melhorar e sair de Santiago vitorioso, no segundo decepcionou. O Chile voltou do intervalo muito melhor, criou mais e tinha maior controle da posse de bola. A Seleção apostava nos contragolpes, e chances não faltaram. Teve uma série de oportunidades nas quais pegava a defesa chilena toda desarrumada. No ataque, contava com jogadores velozes; mas partiam para cima com muita lentidão, dando tempo suficiente para a zaga mandante se reajustar.
Visto que o Brasil não aproveitava suas oportunidades, o Chile tratou logo de abrir o placar a partir de uma falha brasileira. A postura verde-amarela teve leve melhora por alguns minutos, mas nada perto do suficiente para igualar o marcador, até porque, o que vimos depois era a equipe de Dunga totalmente perdida em campo. Além disso, vale ressaltar que o treinador demorou para mexer; esperou sofrer o gol para realizar as alterações necessárias.
Por fim, relembremos de Alexis Sánchez, aquele que não deveria ter nem um milímetro de espaço para atuar. Pois bem, ele marcou o gol que decretou a derrota por 2 a 0 para a equipe da casa; que quebrou um tabu de quinze anos sem vencer a Seleção Brasileira; e que marcou a primeira derrota verde-amarela em estreias nas Eliminatórias.
Muitas lições foram tiradas em apenas noventa minutos. Resta saber quando os brasileiros colocarão em prática tudo que foi aprendido até aqui. Se é que algo foi aprendido…