Quando Carlos Miguel Aidar assumiu o posto deixado por Juvenal Juvêncio, criou uma imagem para torcida, comissão técnica, jogadores, dirigentes, entre muitos outros associados à agremiação. Atualmente, esse retrato do cartola ganha um borrão de tinta por dia — ou a cada declaração —, fazendo com que sua transparência com o clube seja praticamente nula. Então, como confiar em alguém que não é veraz?
Recentemente tivemos o caso de Iago Maidana, que fez com que o presidente fosse criticado por alguns dirigentes do clube pelo fato de não ter feito uma nota oficial ou um claro pronunciamento em público detalhando como foi o negócio. Além desse, a última entrevista de Osório — e possivelmente a derradeira de sua trajetória no São Paulo — marcou bastante os noticiários paulistas. Já em tom de despedida, o colombiano disse com clareza que não confia no cartola. Em minha concepção, postura admirável do treinador, diferente de muitos que poderiam simplesmente circundar a situação sem atingi-la diretamente na ferida.
Ademais, Osorio foi vítima de propaganda enganosa. Quando teve a primeira oportunidade para sair e assinar um contrato a longo prazo na Seleção Mexicana, optou por um futuro incerto no clube e tentar fazer alguns milagres. Até aqui, o colombiano assistiu de camarote ao presidente vender sete jogadores e, mais tarde, jogá-lo contra a torcida, como aconteceu na entrevista do cartola afirmando que ele queria Lugano — ídolo e muito desejado pelo torcedor —, mas só não o trouxe porque o treinador o recusou. Osorio também afirmou em uma coletiva que o momento irregular do São Paulo em campo é mero reflexo da crise política no clube. Portanto, como confiar em alguém que não consegue ter controle de sua própria agremiação?
Outra coisa, talvez seja um pensamento equivocado deste que vos escreve; mas, por mais que sejam atrapalhadas pelo complicado português, as entrevistas de Osorio são as mais lúcidas em todo o clube. Nem Ataíde Gil, que certamente foi fundamental para que o colombiano não saísse até agora, é tão sincero em nas declarações que explicam a situação são-paulina. Então, se nem o presidente e tampouco o vice conseguem ser tão transparentes quanto o treinador para esclarecer o atual momento do Tricolor, é porque tem muita coisa errada.
Hoje, às 16hs, no Morumbi, o São Paulo fará o dérbi frente ao Palmeiras, adversário que cravou goleadas de três e de quatro a zero no Tricolor nesta temporada. Se o time de Osorio sair derrotado, uma vasta neblina pairá sobre o CT da Barra Funda, e aí ninguém saberá se o estrangeiro fica por mais algumas partidas — Copa do Brasil pode influenciar na decisão dele — ou vai embora nesta semana. Caso escolha a segunda opção, Aidar perde uma peça incomum do futebol brasileiro.