Confesso que o resultado final de São Paulo e Ceará não me causou surpresa alguma em função do retrospecto dos paulistas diante de um exacerbado favoritismo em fases de mata-mata. Só no ano passado, o Tricolor foi eliminado pelo Penapolense (Campeonato Paulista), Bragantino (Copa do Brasil) e também pelo Atlético Nacional (Copa Sul-Americana). Em todos os jogos, era considerado como favorito e deu vexame, sendo que diante da equipe de Bragança Paulista, tinha uma vantagem interessante e, em casa, se despediu do torneio nacional.
Para o duelo frente ao Ceará, alguns pontos merecem uma atenção redobrada.
– De um lado, uma equipe que briga para ficar nas primeiras colocações da tabela do Brasileirão; do outro, um time que é o lanterna da Serie B. Evidentemente, o jogo da vida do Ceará era esse frente ao São Paulo e a postura alvinegra seria de quem jogaria por uma bola.
– Quanto ao aspecto psicológico do Vozão, tinha todos os motivos para estar abatido, mas não estava. A equipe cearense tinha dezesseis desfalques para esse duelo, dentre eles alguns que frequentam o departamento médico, outrem que não podem jogar porque já disputaram o torneio por outras equipes e, também, há aqueles que estão suspensos ou simplesmente poupados. De todos, nove são considerados titulares, ou seja, praticamente o time inteiro.
O São Paulo foi a campo com dois laterais esquerdos, e o mais gozado é que nenhum deles exerceu sua função de ofício. Osorio ainda insiste em colocar Michel Bastos para atuar como ala, mas a novidade da vez foi Carlinhos como ponta-direita. Acredito que se acontecesse a troca entre os dois, ofensivamente, o Tricolor poderia ter sido muito mais agressivo; todavia, o problema maior não era a escalação.
No Morumbi, apenas treze mil e quinze torcedores assistiram ao confronto. Das arquibancadas saíam os mesmos protestos do duelo frente ao Goiás, que eram direcionados especialmente a Ganso, Carlinhos, Reinaldo e Toloi. Ademais, gritos de “time sem vergonha” e “Lugano” foram grande trilha sonora do segundo tempo. Tais manifestações que eram refletidas em campo como, por exemplo, a discussão entre Ganso e Carlinhos, demonstrando todo o desequilíbrio emocional da equipe.
O Ceará encontrou dois gols na partida e, diferente do São Paulo, foi muito cirúrgico. Das raras chances que teve, conseguiu convertê-las em gols ou em chutes defendidos por Renan Ribeiro. O São Paulo, principalmente na etapa final, quando a pressão sobre o adversário ficou mais intensa, só queria jogar a bola a dentro área.
A defesa ainda é um problema que parece ser incorrigível. Apresenta um festival de falhas de posicionamento, como no primeiro gol do Ceará. Além disso, é lenta na recomposição e a prova disso está no lance do pênalti que resultou no segundo score alvinegro.
Em suma, quando o Ceará se arriscou, foi eficiente; quando Pato se aventurou numa jogada individual, conseguiu marcar para o Tricolor. O São Paulo foi superior, teve mais volume e criação, mas não foi competente. Vencer era mais do que obrigação, e é muito provável que coloquem tudo na conta de Osorio, que não tem culpa da incompetência de seus atletas.
Com respeito ao Vozão, jogando dentro de suas limitações, teve uma atuação admirável, segurando o resultado na medida do possível e, como fez dois gols fora de casa, tem vantagem significativa para o jogo da volta.