A demissão de Diego Aguirre me deixou um pouco desconfiado com relação à atual gestão do presidente Vitório Piffero e de seu vice de futebol Carlos Pellegrini. Os dois cartolas deram a entender que a eliminação da Libertadores foi o grande ápice para tomarem essa decisão, além de desejarem um maior nível de competitividade do clube no Campeonato Brasileiro.
Todavia, a demissão de Aguirre no atual momento, às vésperas de um Gre-Nal, contradiz todas as justificativas dadas pela diretoria, o que me dá provas de certo amadorismo. Quando mantiveram o treinador no momento mais difícil a frente do Colorado, os elogiamos, pois depois o argentino soube encaixar muito bem sua equipe. Mas, o que eu realmente não consigo enxergar em meio a toda essa situação é uma razão plausível para despedi-lo só agora, mais de quinze dias após a eliminação do torneio sul-americano. Para mim, se esse realmente é o motivo, que dessem o anúncio logo depois do jogo contra os mexicanos ou posteriormente aos empates diante de Ponte Preta e Chapecoense. Jamais antes de um Gre-Nal, ainda mais sem ter outro técnico definido. Ademais, antes do segundo jogo da semifinal continental, Aguirre poderia ter escolhido entre Geferson e Ernando improvisado pela esquerda para a vaga de titular. Apostou no jovem, que fazia boas partidas até a convocação para a Copa América; porém, teve uma catastrófica atuação, com direito a gol-contra. Contudo, não foi só o lateral-esquerdo que jogou mal, mas William, Valdivia e Dourado, jovens que se misturam a Lisandro López, Juan, D’Alessandro e Nilmar, que também estiveram apagados, sendo que o último foi o pior da partida. Então como crucificar o técnico se seus atletas foram ineficientes?
Paralelo a isso, Juan deu entrevista coletiva na última quinta-feira e surpreendeu ao dizer que muitos atletas estavam com salários atrasados. Em contrapartida, a diretoria alega que trata-se apenas dos direitos de imagem e que hoje mesmo tudo estaria muito bem acertado. A meu ver, a hipótese financeira não deve ser descartada do que tem respeito ao fim de Aguirre, visto que o treinador recebia cerca de R$350 mil por mês, uma quantia considerável alta à atual situação do futebol brasileiro. Quiçá uma tentativa de cortar gastos, mas acredito que o técnico não sairia apenas em função disso — estamos falando de um ponto que pode ter contribuído para o fim dele.
Por fim, destaco a frase dita por Piffero na coletiva de esclarecimento: “O fato de criar uma situação pré-Gre-Nal é porque estamos pensando no Gre-Nal. Talvez possamos ter outro rendimento no Gre-Nal…”.
Agora só resta aguardar qual será o dito rendimento.