O Brasil desperdiçou a chance de decidir o ouro no Pan em razão de um erro no qual há muito tempo vem insistindo.
Na final do último Mundial sub-20, perdemos para a Sérvia devido à grande desorganização da zaga brasileira. Ela joga em linha, sempre buscando deixar o avante adversário impedido. Para apostar nesse tipo de jogada é preciso muito tempo de treinamento, para que assim possa utiliza-la nos jogos com segurança e precisão. Além disso, ao fazer uso desse recurso tático, o treinador está apostando todas as fichas dele em um único lance, como se noventa por cento da aposta fosse na eficiência da defesa, cinco por cento em uma bela defesa do goleiro e os outros cinco na incompetência do oponente. Ou seja, é um tipo de estratégia muito arriscado, ainda mais quando nem os zagueiros e nem o arqueiro passam grande confiança ao time.
No penúltimo jogo do Brasil, em Toronto, frente ao Panamá, a seleção verde-amarela chegou a ter no placar o resultado de 3-0 a seu favor, ainda na etapa inicial. Por incrível que possa parecer, conseguiu sofrer o empate — levou um gol por causa de uma gigantesca falha do goleiro e os outros dois porque apostou na linha de impedimento.
O problema do Brasil não está apenas em querer se defender em linha, mas em toda a desorganização tática. Diante do Uruguai, contou com a vantagem de ter um jogador a mais a partir dos 10’ da etapa inicial. Só conseguiu furar o bloqueio celeste aos 29’ do segundo tempo — até aí não havia assustado o goleiro adversário. Atrás no placar, os uruguaios finalmente saíram da defesa e se desdobraram no ataque. Aí Dodô foi expulso aos 35’, o Uruguai cresceu e não só empatou como virou o jogo — dois gols em dois minutos. Duas falhas de posicionamento da defesa. Em outras palavras, o Brasil conseguiu ser pior jogando setenta minutos da partida com um homem a mais.
Quanto ao ataque, só não pudemos contar com Luciano, do Corinthians, suspenso, que realmente fez falta. Todavia, dispomos de boas opções à frente como Clayton, Erik, Dodô — que saiu como vilão — e Piazón; mas não funcionaram porque a tática adotada pelos brasileiros era muito mal estruturada, especialmente a defesa defesa, que quando se recompunha tinha enormes dificuldades para se reorganizar.
Hoje perdemos o ouro por grande bobeira, assim como adiamos o hexa do mundial sub-20. Ano que vem, nas Olimpíadas, o Brasil joga em busca do ouro inédito. Será que até lá teremos os erros corrigidos?
Por enquanto, só resta trabalhar para ganhar o bronze nesse Pan.