Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Tite realiza um excelente trabalho nesse Brasileirão. Realmente, digno de elogios, pois mesmo perdendo peças importantes ao longo do torneio, sua equipe manteve o mesmo caráter competitivo. Os números da campanha comprovam isso: são nove vitórias, dois empates e três derrotas, e mantendo ainda o título moral de defesa menos vazada do campeonato.
Hoje, o Corinthians não contava com Jádson — peça chave do esquema tático de Tite —, então o treinador optou por Rildo, buscando ter velocidade pelas laterais. A partir desse aspecto, percebemos um fator muito determinante para a realização dos gols do time paulista: desde o início da temporada, víamos o Corinthians criar muito pelo lado direito, com as boas chegadas de Fágner ao ataque, e isso acontece em todos os jogos; mas, atualmente podemos observar que o Timão vem ganhando mais agressividade pelo lado esquerdo, claramente porque Uendel ganhou a vaga de titular, mas isso se deve também ao grande apoio da segunda linha de quatro alvinegra. Desse setor saíram os gols diante de Flamengo e Atlético-MG — não podemos deixar de lado que contou com grandes falhas do sistema defensivo dos adversários. Em suma, como o time tem muita velocidade pela direita, Tite vinha testando Malcom pela esquerda — mesmo sabendo que o rendimento do atleta é dez vezes melhor no outro lado — procurando maior qualidade ofensiva da equipe por esse setor e um equilíbrio tático. Testou Mendoza também ao longo do torneio, mas ele não agradou. Ademais, Rildo aparenta ser uma boa opção para esse esquema, todavia temos que esperar mais um pouco.
Com respeito ao duelo, em Itaquera, a melhor defesa confrontou o melhor ataque, e mais de trinta e seis mil pessoas assistiram ao espetáculo — muito bom, por sinal. Além disso, se eu tivesse que resumir a etapa inicial em apenas uma palavra, seria “compactação”. As duas equipes jogavam com suas linhas muito próximas umas das outras e, em diversos momentos, o jogo aéreo pelo meio do campo se tornava uma boa opção. Apesar do grande equilíbrio no primeiro tempo, o Atlético-MG foi bem melhor no segundo. Tite deixa o adversário avançar e passa a apostar nos contragolpes. De fato, tem funcionado muito bem, pois há cinco jogos não sofre gols. Isso tem grandes méritos do treinador, da defesa somada aos volantes, dos pontas (disciplinados taticamente e reforçando o apoio defensivo pelas laterais), de Cássio (brilhou em alguns dos últimos jogos) e de Walter, que teve uma atuação de gala nessa noite. Já lá na frente, às vezes aproveita as oportunidades que o oponente oferece — diante de Flamengo, Ponte Preta e Atlético-PR, por exemplo —, embora outras não, como aconteceu no fim do confronto, quando Mendoza desperdiçou de frente com Victor.
Resumo da ópera: Corinthians pragmático e cirúrgico na primeira etapa — deu cinco chutes à meta de Victor e o único que foi ao alvo, entrou; já o Atlético, jogou como um digno líder de campeonato e deu prova de um grande entrosamento de sua equipe, que poderia ter saído com um empate ou, quiçá, com uma vitória, se não fosse pela grande atuação de Walter.
A melhor defesa venceu o melhor ataque, e agora o Timão empata com o Galo na ponta da tabela.