O GP da Hungria, às vezes muito chato por quase não apresentar ultrapassagens, este ano foi sensacional, convertendo-se talvez na melhor da temporada até aqui.
Já na largada vimos Vettel e depois Raikkonen pularem à frente de Hamilton e Rosberg, com as duas Mercedes, por incrível que pudesse parecer, não conseguindo acompanhar o ritmo de corrida das Ferrari. Isto continuou após os primeiros pit-stops, dando à dupla vermelhinha uma vantagem cada vez maior. Uma vantagem facilitada também pelos numerosos erros de Hamilton, que estava dirigindo frequentemente além do limite do carro, enquanto seu companheiro Rosberg buscava tirar o máximo proveito de uma situação que estava se desenhando para ele bastante favorável.
Com muitas disputas na posições intermediárias, os dois ponteiros eram frequentemente esquecidos pelas câmeras de TV, que buscavam logicamente o espetáculo, onde quer que ele se verificasse. E assim assistimos a um festival de ultrapassagens, freadas no limite, erros e tudo o mais que representa a essência da verdadeira F1.
A situação deu sinais de mudança, na frente, na volta 41 quando Raikkonen avisou pelo rádio o box que sua “power-unit” tinha perdido potência e mudou de vez duas voltas mais tarde quando Hulkenberg viu a asa dianteira de seu carro desprender-se e voar por conta própria, deixando o piloto como passageiro, até chocar-se com as barreiras de proteção. Aí entrou o “safety-car”, a vantagem de Vettel foi por água abaixo, e assistimos a uma luta acirrada até a bandeirada final, enquanto atrás, numa corrida de recuperação, Hamilton ia ganhando posições. Faltava, porém, ainda a surpresa final: numa disputa entre Rosberg e Ricciardo ocorreu um toque, o pneu traseiro do alemão foi cortado pela asa da Red Bull e ambos tiveram a própria corrida prejudicada.
O prejuízo foi maior para Rosberg, que teve ainda que completar quase uma volta até entrar no box e trocar os pneus, enquanto Ricciardo viu seu companheiro Kvyat passar para segundo (foi o segundo pódio na história de um piloto russo) e conquistar um pódio que, a priori, era absolutamente fora de seu alcance. Por falar em pódio, foi a primeira vez que a Mercedes ficou fora dele, com Hamilton sexto e Rosberg oitavo, o que permitiu ao líder do mundial aumentar sua vantagem dos 17 pontos com que começara o GP para 21. Um excelente negócio, pois em determinado momento, pela pontuação que ocorreria caso o GP terminasse aí, Rosberg estaria à sua frente no campeonato.
Outros destaques são que, além da segundo vitória da Ferrari neste ano, pela primeira vez as duas Red Bull estiveram no pódio, pela primeira vez o novato Verstappen levou sua Toro Rosso ao quarto lugar, pela primeira vez as duas McLaren pontearam, com Alonso conseguindo um inesperado quinto lugar. Em suma, poderiamos dizer que o impossível aconteceu!
Lamentavelmente os dois pilotos brasileiros não fizeram parte disso. Massa, às voltas com problemas em seu carro, foi apenas 12°, atrás de Nasr que pagou pela pouca competitividade da Sauber.
Agora é esperar pelo GP da Bélgica, lá o traçado certamente vai permitir uma boa apresentação da Williams, a Mercedes irá à forra, a Ferrari, que por receio do intenso calor utilizou em Budapest o motor antigo (aquele com o qual começou o campeonato), deve voltar à última versão, um pouco mais potente, e a Red Bull mostrar que a reação começou. Vamos esperar…