No momento em que se fala da possibilidade de Messi “dar um tempo” na seleção argentina, acompanhado nessa decisão por Mascherano, vale a pena tentar entender a razão pela qual o Messi A (A de Argentina) é infinitamente pior que o Messi B (B de Barcelona). Com efeito – e aqui os números não mentem – com o Barcelona Messi quase sempre ganha, com a Argentina nunca consegue triunfar.
Na equipe espanhola Messi teria companheiros de nível técnico superior aos que tem na seleção? Não me parece uma ideia válida, pois se a linha de zagueiros do Barcelona é melhor que a da Argentina (embora representem, nos dois casos, o ponto fraco dos dois times) do meio de campo para a frente o elenco à disposição do técnico Martino é certamente mais amplo do que o apresentado pelo Barcelona. Bastaria lembrar que um avante como Tevez raramente atua na Argentina (e isso só o técnico Martino poderia explicar) e Higuain é reserva. O técnico Luis Enrique não tem, no banco do Barcelona, elementos de valor técnico parecido.
Não se tratando então de um problema técnico, fica o esquema tático. E aí a explicação me parece mais plausível, pois no Barcelona Messi atua mais próximo do ataque, numa faixa de centro-direita onde foge à marcação direta e antecipada dos centrais adversários. Na Argentina o vemos muitas vezes mais recuado, tendo que partir quase sempre para a jogada individual, que nem sempre pode dar certo. Aliás, meu julgamento do técnico Martino não é lá muito positivo…mas este é outro assunto.
Ao lado desta explicação de ordem tática, fica uma terceira hipótese, que também tem seu peso. Psicologicamente Messi é muito mais responsabilizado quando atua pela Argentina, já que todos o vêem como o salvador da pátria (neste sentido me lembra o Pelé da Copa de 1966), do que quando atua pelo Barcelona. Onde pode errar – afinal de contas não é um robô – sem que o mundo desabe sobre seus ombros.
A solução para transformar o Messi A no Messi B não me diz muito respeito (afinal de contas o técnico Martino é muito bem pago) mas acredito firmemente que passe pela escolha de outro técnico, que saiba misturar tática e psicologia. Um Bielsa, por exemplo, poderia resolver o enigma…