Nesta sexta-feira, dia 17 de julho, completam-se duas décadas da morte do argentino Juan Manuel Fangio, na minha opinião o maior piloto que vi em ação desde o início, no já longínquo ano de 1950, do Campeonato Mundial de Fórmula 1.
Isto por uma razão muito simples. Como para todos os demais campeões que se sucederam nestes 65 anos de disputa do Mundial, seus 4 primeiros títulos foram obtidos pilotando o melhor carro. Foi assim em 1951 com as excepcionais Alfetta 159, com motor 1.5 e compressor de duplo estágio, em que pesem as três vitórias da Ferrari 4.5 sem compressor.
Continuou assim nos anos de 1954 e 1955 com a excelente Mercedes que, fiel a seus princípios de então (chegar, vencer e ir embora), logo deixou a Fórmula 1 após um domínio que, se não foi extremamente marcante em 1954, o foi no ano seguinte, com destaque para a dupla Fangio – Moss.
Em 1956 Fangio foi para a Ferrari, e lá conquistou seu quarto título, sempre dispondo do melhor carro do momento. Era a Lancia D50 que, após a desistência da marca, tinha ficado com todo o acervo para a Ferrari. Até aí, então, nenhuma novidade: um piloto excelente levando à vitória um carro superior aos demais.
Foi em seu último ano no Mundial (em 1958 Fangio apenas disputou os GPs da Argentina e da França, a título de despedida) que o argentino mostrou toda sua excepcional categoria, não apenas no plano tático mas em saber extrair tudo o que o carro podia dar e somar-lhe ainda sua extraordinária capacidade de piloto. Nesse ano de 1957 a Ferrai tinha o melhor carro e um esquadrão para pilotá-lo: Collins, Hawthorn, Musso, Castellotti, von Trips, entre outros.
Para Fangio, ficou a Maserati, nitidamente inferior à rival, e o sonho do quinto título. Um sonho que começou a se materializar em Buenos Aires, no GP da Argentina, primeira prova do Campeonato, teve altos e baixos ao longo da temporada e marcou de forma indelével a carreira de Fangio a 4 de agosto, no GP da Alemanha, disputado no clássico circuito de Nürburgring. Lá, Fangio disputou a melhor corrida de toda sua carreira, como me confidenciou muitos anos depois num evento no Rio de Janeiro, conseguindo ficar à frente das Ferrari de Hawthorn, Collins e Musso. E convenceu-me, definitivamente, que foi, até os dias de hoje, o melhor piloto da história do Mundial. O que não impede, obviamente, que eu respeite todas as opiniões em contrário…