Nos últimos meses, o atacante Vágner Love tem sido alvo de muitas críticas dos torcedores alvinegros, os quais ainda se questionam sobre o porquê de Tite insistir em escalá-lo como titular. Diante disso, ressalto alguns pontos que poderão nos ajudar a obter respostas.
Quando Love chegou ao Corinthians, buscava se readaptar ao ritmo do futebol brasileiro — bem mais intenso do que é encontrado na China. Nas primeiras participações, atuava como um legítimo pivô, de costas à meta adversária, o que fazia bem em algumas partidas, chegando a agradar a comissão técnica. De fato, o primeiro gol demorou para sair, mas ainda assim o avante contribuía para as finalizações dos companheiros.
Aos poucos o rendimento do atacante foi caindo e a comissão técnica acreditava que seria um problema físico. Então Vágner Love passou um longo período longe dos gramados realizando apenas esse tipo de trabalho. Melhorou bem, embora eu ainda acredite que o problema maior não tivesse respeito à parte física, mas à técnica. Hoje, vemos o camisa nove com algumas dificuldades fundamentais como dominar uma bola ou, até mesmo, vencer uma jogada de “mano-a-mano”.
Por outro lado, ele foi decisivo em alguns dos últimos jogos disputados, chegando a balançar as redes e distribuir assistências. Todavia, Tite não o escala apenas por isso, mas por um outro motivo mais lógico. Vágner Love é a única peça cujas características correspondem às exigências do esquema tático do treinador, em todo o elenco. O sistema de jogo alvinegro é o 4-1-4-1, no qual o atacante é uma referência que não vive apenas dentro da área, mas que tem total liberdade fora dela. Então o corintiano pode muito bem jogar de costas para o gol, cair pelos lados, recuar para o auxilio na marcação e na criação das jogadas, possibilitando que execute algumas arrancadas. Ademais, ele não é muito alto para disputas aéreas, o que seria mais um motivo para ter maior mobilidade na intermediária.
Hoje, Tite não tem um outro pivô de ofício. Tem Danilo, que é meio-campista, mas que atualmente seria o substituto imediato do atacante, por ter uma boa estatura para o jogo aéreo e ter um nível maior para cadenciar a bola no campo ofensivo. No entanto, a entrada do meia muda o jeito do time jogar. Portanto, enquanto o Corinthians não trouxer alguém que saiba cumprir as mesmas funções de Love — que tenha o estilo de centroavante — e que possa gerar uma competição pela vaga com o atual camisa nove, o treinador alvinegro seguirá apostando nele.
Resumo da ópera: a escalação de Love não se trata de técnica, mas de tática.