Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Assisti à partida entre Corinthians e Ponte Preta ao lado de quase vinte e sete mil pessoas, que estavam presentes na Arena, e destaquei alguns pontos que merecem simples observações.
Era o famoso “jogo dos seis pontos”, que também valia uma significativa aproximação do G-4. Para a Ponte Preta, a tarefa seria mais complicada, por estar jogando em Itaquera, onde o Corinthians é muito forte. Além disso, vale destacar o bom trabalho que Guto Ferreira vem exercendo em sua equipe, que apresenta ser bem organizada taticamente e que dá muito trabalho para os seus adversários, ainda mais quando o seu camisa dez está inspirado. Renato Cajá seria a maior preocupação de Tite e ele, obviamente, sabia disso. Sabia também que se deixasse a Macaca jogar, o Corinthians passaria um tremendo sufoco na partida. Portanto, separo o Timão em dois: o do primeiro tempo e o do segundo.
Na etapa inicial vimos um Corinthians muito bem postado, com domínio do meio de campo, sem deixar o oponente atacar, criando boas chances, fazendo com que Marcelo Lomba executasse belíssimas defesas e tendo o controle da partida, de modo que conseguiu abrir o placar após uma jogada muito bem trabalhada. Já na etapa complementar, a história inverteu de lado e o Timão simplesmente sumiu no jogo; a Ponte passou a dominar, fez Cássio trabalhar bastante — chegando a realizar um milagre nos minutos finais — e sufocou o Corinthians. O time da casa, por sua vez, tem um problema que me chama muito a atenção: o nervosismo. A cada ataque da Macaca, era uma bola “rifada” para frente, e sempre tinha alguém da equipe de Campinas que conseguia ficar com as sobras. Em outras palavras, a única forma que o time da capital encontrou para anular as jogadas do oponente foi o chutão. Como a marcação da Ponte Preta estava adiantada e as bolas afastadas sempre caíam no centro da intermediária, a pressão que os visitantes exerciam ficava cada vez mais intensa.
Para ter maior posse de bola e segurar o jogo pelo meio, Tite colocou Danilo. Para ganhar velocidade nos contragolpes, o treinador sacou Malcom para a entrada de Mendoza — a princípio achei que ele errou na aposta, visto que o jovem de dezoito anos fazia boa partida e o colombiano entrava muito mal, assim como Vágner Love também não vivia a melhor de suas noites. A defesa corintiana seguia se segurando da forma como podia. Até que, aos 50′, veio o lucro para Tite, que acertou graças a uma triste falha da defesa da Ponte Preta, resultando no segundo gol da partida, de Vágner Love.
Jádson e Renato Augusto foram as grandes personagens do duelo, pois na etapa inicial eram o cérebro da equipe e, na final, eram a mais eficiente válvula de escape dos mandantes. Além dos dois, Elias apresentou bom futebol na noite de hoje e mostrou que pode dividir as atenções da marcação do oponente com suas chegadas à meta adversária.
Resta para Tite trabalhar melhor a postura do Corinthians ao longo da partida, fazendo com que o time não oscile, mantendo uma boa estabilidade em seus duelos. Ademais, é necessário focar em como quebrar o ataque adversário além dos chutões. Primeiro, porque é bonito ver uma equipe que sai jogando com frieza; e segundo, ficar rifando várias bolas aumenta o nervosismo dos atletas, a pressão do adversário e o calor da partida, podendo até ocasionar em um gol contra seu próprio patrimônio.