Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Eles são considerados como o melhor Chile de todos os tempos, os jogadores que derrubaram a vice-campeã do Mundo e, pela primeira vez na história, campeões da América.
O jogo foi muito dramático, com muita movimentação em todas as suas etapas. Os vinte minutos iniciais foram de bastante marcação para os dois lados. Sampaoli e Martino se estudaram bem, e um buscava anular os pontos fortes do time do outro.
O Chile jogava dentro seu estilo, marcando no campo de defesa do adversário, ganhando superioridade numérica no meio de campo, conseguindo trabalhar passes com velocidade e tirando a maior característica argentina, que é a triangulação. Messi e companhia tinham dificuldades para sair com a bola da defesa e transita-la ao ataque em função do ótimo posicionamento tático estabelecido pelos anfitriões.
Se os primeiros minutos do jogo foram de grande equilíbrio, os restantes indicaram a superioridade do Chile. Os donos da casa eram melhores em razão do coletivismo; não balançaram as redes porque nenhum jogador chileno decidia individualmente. Do outro lado, os argentinos atuavam da forma oposta: tinham na equipe jogadores que poderiam se destacar, mas o coletivo da Argentina era ruim. Não acredito que fosse por um mal dia dos atletas, mas talvez pela falta de uma adequada orientação técnica. Com as coisas caminhando assim, Messi não teve brilhantismo e, mais uma vez, com o resultado final do jogo, renderam mais comparações a Maradona.
A taça da Copa América poderia ter tomado outro rumo ainda no tempo regulamentar em dois lances que aconteceram no fim do segundo tempo: o primeiro refere-se a um escandaloso penal que o juiz não marcou em cima de Rojo; já o segundo tem respeito ao último lance do tempo regulamentar, quando Higuaín perdeu a chance mais clara do jogo de frente com o gol.
Na prorrogação, o jogo seguiu intenso, com muita movimentação chilena e com os argentinos sem criar. O cansaço já ia além do condicionamento físico dos atletas e, assim, a decisão encaminhou-se para as penalidades máximas.
Foi baile chileno, 4-1, sendo prova do que foi apresentando com a bola rolando.
No rosto de Messi estava estampado todos os sentimentos de uma seleção que bateu duas vezes seguidas na trave e que continua sonhando com o título que não vem há mais de vinte anos. Além disso, pesa ao craque o status de melhor do mundo, que sempre renderá comparações a Maradona, e quanto a isso algo é certo: o que era para ser provado, foi na final diante da Alemanha; hoje só tivemos a confirmação.
Por fim, o coletivismo chileno conquistou a América. De fato o Chile teve sorte contra Equador, Uruguai e Peru nos momentos mais difíceis em que passou — evidentemente o fator casa contribui —, mas vale ressaltar que a equipe vinha de uma boa participação na Copa do Mundo, tinha um elenco já pronto, envolvido, e que conta com um excelente treinador. Sampaoli costuma dar aulas táticas em suas partidas, pois para cada jogo há um sistema diferente que funciona de acordo com as características do oponente. Em razão disso, a Roja foi a seleção que mais apresentou estabilidade no torneio.
Agora a festa segue pelas ruas de Santiago. Depois, os chilenos se preparam não só para disputar as Eliminatórias, mas também a Copa das Confederações de 2017.