Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
A final da Copa América será disputada entre os donos da casa e os vices do mundo. No início da competição, seis seleções contavam com treinadores argentinos e quatro delas chegaram à semifinal. Alguma coincidência? Acredito que não.
Chile, Peru, Paraguai e Argentina nos proporcionaram dois interessantíssimos e equilibrados duelos. No confronto entre as equipes de Sampaoli e Gareca, vimos que o técnico do time peruano criou uma nova identidade para sua seleção. A partida era de extremo equilíbrio, até o Peru ficar com um jogador a menos. Dessa forma, os chilenos passaram a se lançar ao ataque e os peruanos a jogar por uma bola. De tanto pressionar, os donos da casa saíram na frente do placar, e mesmo diante de tantas dificuldades, a equipe de Guerrero conseguiu empatar através de um veloz contra-ataque. Ademais, a válvula de escape entre o atacante do Flamengo e Farfán funcionava muito bem, porém apresentava um risco: Gareca posicionou sua equipe para se defender com duas linhas de quatro e com o camisa nove centralizado no centro do campo; o risco seria de perderem a bola no meio na tentativa de um contragolpe ficando com a própria defesa vulnerável. Dessa forma aconteceu o segundo gol chileno, que ainda contou com a ajuda do goleiro. Vale lembrar que o primeiro gol de Vargas deveria ser anulado, pois o atacante estava adiantado; mas, mais tarde, o assistente anulou um gol legítimo dos chilenos, e o placar ficou mais do que justo.
Do outro lado da chave, Argentina e Paraguai travaram um duelo de muitos gols. Tecnicamente nossos hermanos eram superiores e, na noite de ontem, a técnica falou mais alto. Na melhor apresentação argentina no torneio, vimos uma seleção de toques rápidos e precisos, Pastore atuando como um característico e tradicional meia do país e Messi servindo seus companheiros três vezes.
Quando a Argentina tinha 2-0 a seu favor no placar, o Paraguai encontrou a chave do jogo na saída de bola do adversário. Portanto adiantou sua marcação para explorar os erros da equipe de Martino e realmente deu certo. Marcaram um gol e seguiram assim na etapa complementar. De fato era arriscado, e desse modo tomaram o terceiro gol em função dos cirúrgicos passes argentinos. O Paraguai seguiu se lançando ao ataque, buscando apenas mais um gol. Tomou o quarto, depois o quinto e por fim o sexto.
Em minha concepção, Gareca deveria ser conhecido como o melhor treinador do torneio; mas não está muito distante de seus outros conterrâneos. O simples fato de assumir uma seleção a tão pouco tempo da competição, não ter na maioria do seu elenco atletas de grandes nomes e quase chegar à final com um a menos, proporciona ao técnico um destaque maior em relação aos demais.
Peru e Paraguai se despedem da Copa América como seleções vitoriosas, que devido ao estilo aguerrido de buscarem a vitória até o último minuto da partida, passam ao torcedor boas expectativas do que poderemos ver nas Eliminatórias.
Quanto a Chile e Argentina, sem dúvidas apresentam o melhor futebol do continente. No próximo sábado veremos se Sampaoli chegará ao paraíso ou se Martino levará o título para a equipe que não sabe o que é ser campeã há mais de vinte anos.