Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
A eliminação do Internacional frente ao Tigres nos proporcionou algumas importantes lições, as quais devemos levar às próximas edições do torneio. Quando uma equipe chega à semifinal da Libertadores, ela não tem mais o direito de errar, pois qualquer equívoco, grande ou pequeno, pode acabar sendo crucial. E quando digo que não pode falhar, não me refiro apenas às imprecisões técnicas, como ter passes defeituosos e marcações desorientadas, mas também às orientações da comissão técnica, que influenciam diretamente no resultado final.
O Inter pecou taticamente e, em especial, tecnicamente. Foi uma atuação muito ruim dos Colorados e calorosa dos mexicanos. No duelo de ida, conhecemos a dupla Aquino e Gignac e toda periculosidade que poderia oferecer ao time gaúcho. Assim, a preocupação de Aguirre estaria centrada nos dois — o que está totalmente correto —, embora a forma trabalhada para anulá-los faz com que apareça o primeiro erro nessa análise. O segredo para os dois gols feitos em Porto Alegre foi a pressão na saída de bola somada ao erro do oponente. Guido Pizarro é um grande passador e nele está focado o ritmo do Tigres. Se você anula o número dezenove do time da casa, acaba tirando uma grande porcentagem de chance de a redonda chegar aos pés de Aquino e Gignac. No início da etapa inicial, o Internacional soube se portar perante a saída de bola do adversário; mas acabou se envolvendo com o ritmo do oponente, criando uma ansiedade que não poderia ter na Libertadores. Daí surgiu o alto número de passes errados no ataque.
Ainda com respeito à dupla recém-chegada ao Tigres, que é o maior destaque dessa fase do torneio, havia uma grande preocupação dos brasileiros pelas laterais do campo. A dúvida de Aguirre era de optar por Gerferson ou Ernando improvisado pela esquerda. Todos os gols refletem a aposta do treinador, mas não é só isso. Foi pelos lados do campo que os mexicanos criaram suas melhores chances, em cima de William e Geferson, ambos de 21 anos. Realmente, uma noite terrível para a dupla, mas também para Sasha, Dourado, Valdívia, que também são garotos e que desempenham importantes papéis entre os titulares; sem contar Alison, o destaque colorado da noite, que, além de pegar um penal, evitou uma catastrófica goleada no Universitario de Monterrey, o “vulcão” totalmente pintado de amarelo.
O fato de o Internacional ter sido eliminado pelo Tigres, na casa do adversário, não chega a causar surpresa alguma. No Beira-Rio, não assistimos a um brilhante futebol, tampouco seguro por parte dos gaúchos; todavia sabíamos bem que para avançar teria que ir além de suas limitações. O resultado da partida resume bem o contraste entre os dois times. Tigres é melhor, mais completo, mais frio e mais equilibrado.
Por fim, infelizmente não teremos uma final entre Brasil e Argentina. No entanto, a grande decisão do torneio nos proporcionará um confronto muito interessante, com bom equilíbrio técnico.