Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
A quarta-feira nos proporcionou duelos muito interessantes, mas destaco o confronto de Grêmio e Corinthians, que nos apresentaram a melhor partida do Brasileirão desse ano até o momento.
O Tricolor fez prevalecer o mando de campo de maneira eletrizante. Dois gols nos quatro minutos iniciais da partida, naquele momento, aniquilava qualquer chance de reação do Corinthians. Só depois dos 15′ o Corinthians reagiu e soube se impor no confronto, se movimentando bastante com os homens de frente e criando boas chances, mas pouco aproveitando-as.
Ressalto alguns pontos com base nesse duelo. O Corinthians tem defeitos em todos os setores do campo, embora tenha apresentado uma grande melhora em muitos deles. A defesa cede muito espaço; Cristian foi designado a marcar Giuliano, enquanto Bruno Henrique ficava na cola de Luan — este fez o que quis diante da zaga alvinegra — todavia, com os dois muitas vezes abertos, o Grêmio trabalhava a bola na intermediária com muita tranquilidade, e foi com toda essa liberdade que marcou o segundo gol aos 4′, pois pegou todo o sistema defensivo corintiano desligado, desorganizado e desprevenido.
A dupla de volantes tinha que trabalhar bastante nesse jogo, pois além de dar mais leveza ofensiva ao time, era responsável por quebrar o ataque gaúcho. Se um problema era a saída de bola pelo meio, este foi foi melhorado, mas assim como as demais deficiências, merece um trabalho mais intenso. Na criação, os dois jogadores mais importantes para equipe estavam soltos e aceleravam o time visitante. Em minha concepção, os dois fizeram a melhor apresentação nessa competição.
Quanto ao ataque, Tite apostou na velocidade. Romero recebia muitas faltas que, se fossem melhor aproveitadas, o placar pelo lado alvinegro poderia ser maior. Mendoza marcou um e perdeu outro de frente para o alvo. Contudo, o Corinthians só fez um gol porque é carente de um avante técnico. Falta muita qualidade para esse ataque, e percebemos isso vendo as finalizações à meta defendida por Tiago. Ademais, Vágner Love, que ficou quinze dias se preparando fisicamente, ainda é o mesmo. Mas como assim o mesmo? É simples, pois o problema do atacante nunca foi físico, mas técnico; ele precisava passar mais de quinze dias no campo preparando fundamentos básicos como, por exemplo, dominar uma bola.
Por último, os laterais. O lado direito ainda é a maior potência do Corinthians ofensivamente. Fágner, foi o melhor em campo pelos corintianos, pois criou as chances mais claras como o gol de Mendoza. Ainda no aspecto ofensivo, o Timão recebe o apoio dos atacantes pelas pontas e, estes, muitas vezes se alternam. Soma-se a isso o fato de poder contar com dois avantes velozes, que podem trocar passes rápidos pelas pontas, fazendo referência a característica da equipe de Tite. Quanto ao aspecto defensivo, os mesmos problemas que perseguem os alvinegros desde o início da temporada: cede espaço pelas laterais, deixando o adversário alçar bolas na área. Dessa forma os mandantes abriram o placar.
O Grêmio demonstrou eficiência em muito pouco tempo. Foi feliz por praticamente iniciar a partida vencendo por 2-0 e poder administra-la ao decorrer do cronômetro. Recuou e apostou em jogadas de contragolpe — fazendo com muita qualidade — o que seria natural, visto que o Corinthians precisava buscar o empate.
Dois gols em quatro minutos fizeram com que este fosse o melhor jogo do Campeonato Brasileiro, pois se não tivessem acontecido, dificilmente teríamos uma etapa inicial tão aberta, movimentada e intensa. Foi uma partida de extremo equilíbrio e, mais uma vez, prevaleceu a concentração e a eficiência.