Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Nunca foi e a cada dia tenho mais certeza de que jamais será fácil ser técnico no Brasil. Hoje, o bicampeão nacional Marcelo Oliveira foi demitido do Cruzeiro por não suportar a pressão pelos maus resultados recentes e a eliminação na Libertadores. Isso só comprova a filosofia das diretorias da maioria dos clubes grandes do futebol brasileiro, que se refere ao fato de que “futebol é momento” e não importa a glória obtida num passado recente, tampouco a identidade construída na agremiação. Se não corresponder às prioridades requisitadas — como a conquista do torneio sul-americano — ou, então, se não adquirir uma boa sequência de vitórias no início de uma competição — como no Campeonato Brasileiro — já pode começar a se despedir.
Marcelo Oliveira era ameaçado a cair desde os confrontos diante do São Paulo, pela Libertadores. Quando conseguiu a classificação nas penalidade máximas, a situação deu uma amenizada. Melhorou quando venceu o primeiro jogo frente ao River Plate, no Monumental. Até aí tudo parecia estar em um clima totalmente confortável, visto que duelaria com os argentinos no Mineirão; todavia o resultado final da apresentação desta partida foi totalmente crucial e direto para a queda do treinador.
Além disso, dois pontos me espantam por serem vistos de forma tão normal e natural no futebol brasileiro: o primeiro seria o de ignorar todo o trabalho feito pelo treinador e suas recentes e respeitáveis conquistas; quanto ao segundo, se diz respeito ao fato de haver negociações entre dirigentes e treinadores que estão no mercado, mesmo tendo um a frente de seu clube. Quando Tite estava no comando do Corinthians, em 2013, a diretoria já conversava com Mano Menezes, e após chegarem a um acordo, o primeiro deu lugar ao segundo. No fim do ano passado aconteceu a mesma coisa: Mano era técnico do Timão, mas os cartolas já dialogavam com o Tite, e este voltou para o Parque São Jorge.
Horas depois do anúncio de que Marcelo Oliveira não era mais técnico do Cruzeiro, saiu oficialmente a notificação de que Luxemburgo seria o novo comandante e de que já poderia estrear nessa semana. Para a diretoria, imagino que queira uma nova identidade para o time, desejando que seja com a cara do novo treinador. Agora, o carioca terá amplos poderes no clube celeste, exercendo a função de manager, e sairá até mais barato para a Raposa, tendo em vista que o salário do novo treinador é menor em relação ao do antigo.
Por fim, destaco alguns números de Marcelo Oliveira no comando do Cruzeiro: foram 168 jogos, 105 vitórias, 32 empates, 31 derrotas, 316 gols marcados, 147 sofridos e um bom aproveitamento de 68,84%.