Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Ricardo Gareca esteve no comando do Palmeiras por apenas nove partidas e mal pôde mostrar 20% do que seria capaz. Hoje, a frente da seleção peruana, apresenta ao futebol sul-americano um trabalho digno de elogios e nos proporciona provas concretas de que para um estrangeiro assumir o cargo de treinador, é preciso tempo e paciência para adaptação. Vale lembrar que, naquela época, o Palmeiras passava por um momento desesperador, e qualquer vitória seria um alívio para todos. Portanto, para muitos daquela diretoria, Gareca foi embora por não obter os resultados requisitados pelos cartolas do clube.
Com respeito ao duelo da noite de hoje, evidentemente, em termos de técnica, o Peru era superior à Bolívia, mas não esperávamos que a classificação da equipe de Gareca fosse conquistada a partir de tantos erros defensivos do adversário. Além disso, Guerrero teve uma noite de gala, pois fez um hat-trick — não marcava desde o dia 1 de abril, diante do Danubio, quando também fez três gols — em razão de atuar com uma liberdade que pôde desfrutar apenas nessa noite. No próximo duelo, pela semifinal, frente ao Chile, é provável que o time da casa usará qualquer tipo de estratégia para anular o nove peruano.
Hoje, Gareca deu provas de porque foi eleito o melhor técnico da fase de grupos do torneio. Organizou muito bem a sua equipe, que se portou bem ao longo da etapa inicial e, quando a Bolívia crescia no jogo, sua equipe era bem armada para os contragolpes.Em suma, todos os gols saíram de grandes falhas do sistema defensivo do adversário, e mesmo podendo contar com uma boa vantagem no placar, o Peru jogava de modo tranquilo a ponto de assustar a equipe boliviana.
Quanto a Mauricio Soria, a preocupação era com relação às bolas cruzadas à sua área. Sabendo que o oponente contava com uma referência de peso no ataque, o treinador esquematizou sua equipe com três zagueiros; mas a aposta do treinador deu errado por causa das inúmeras falhas dos atletas, que em diversas vezes pareciam perdidos diante de tanta velocidade peruano.
Por fim, a velocidade, a maior arma peruana. Para o confronto diante dos chilenos, espera-se que os peruanos apostem nos contra-ataques, principalmente contando com os precisos passes de Cuevas e as habilidades de Farfán. Agora resta aguardar se Gareca vai adotar esse tipo de estratégia, jogando apenas por uma bola, ou se partirá para cima do adversário, se expondo mais e buscando a vitória a qualquer custo.