Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
O duelo era composto por duas equipes que possuem características de contra-ataque. Tendo isso em vista e com base nos recentes confrontos dos dois times, era esperado que o Brasil tomasse mais iniciativa, ganhasse mais espaço no meio de campo e criasse as melhores chances. Não foi dessa forma que aconteceu no início da primeira etapa: o Brasil não conseguia dar ritmo à partida, tampouco encaixava os contragolpes em função da compactação das duas linhas de quatro.
Quando o cronômetro beirava os 15′, o Brasil teve sua primeira chegada à meta adversária e abriu o placar com Robinho em razão de um erro do sistema defensivo paraguaio. Após isso o Brasil passou a se impôr mais na partida, porém seguiu com o meio de campo muito fraco. Com Firmino e Willian muito apagados, Coutinho teve um destaque maior e foi quem mais buscou o jogo no etapa inicial. Ademais, destaco a presença de Elias no campo de ataque, tendo participação fundamental na criação do gol, e de Robinho, que não teve uma primorosa atuação, mas deu boa movimentação à equipe de Dunga.
Na etapa complementar, o Brasil seguia apostando pelos lados. Em minha concepção, uma estratégia equivocada, pois não conseguia cadenciar o meio-campo. Desse modo, a Seleção Brasileira não ditava o ritmo da partida, muito menos empurrava o Paraguai para seu campo de defesa. Apenas permitia chegadas perigosas do adversário, especialmente as que foram partidas de cobranças de bolas paradas. Em suma, era impressionante o fato de os brasileiros estarem com o placar a seu favor e não terem o controle do jogo. Isso tudo resultou no gol de empate do Paraguai, a partir de um patético penal cometido por Thiago Silva. O confronto seguiu da mesma forma e só equilibrou nos minutos finais.
Concluímos com base nos noventa minutos que o Brasil não evolui e nem controla suas partidas. O gol saiu de uma rara jogada bem trabalhada pelos brasileiros; mas, mesmo assim, uma atuação humilhante da seleção, principalmente na etapa complementar, após nos proporcionar um primeiro tempo ruim tecnicamente.
Assim se repetia o script da última edição da Copa América, um pouco diferente, visto que os brasileiros não desperdiçaram quatro penais, mas dois. Ademais, Dunga hesitou ao tirar Robinho, quando o Brasil se lançou ao ataque, para colocar Éverton Ribeiro apenas para cobrar uma penalidade.
As duas equipes seguem em um processo de reconstrução de imagem. Com a eliminação, o Brasil dá um passo para trás, enquanto o Paraguai avança em sua caminhada. Por fim, de nada adiantaria se classificar jogando mal; a moral brasileira seguiria a mesma. Foram quatro partidas e em todas o vimos uma seleção irreconhecível.
Resta agora, para Dunga, focar nas eliminatórias e mudar o perfil de um time que corre muito e pouco faz.