O Logan é um carro que eu defino como honesto. Não promete o silêncio e conforto de um Rolls Royce nem o desempenho de uma Ferrari, mas faz jus à fama de carro robusto, capaz de levar 5 pessoas e todas suas bagagens (tem um grande porta-malas) por anos a fio, sem se importar muito com buracos e imperfeições de ruas e estradas. E seu custo de manutenção é reduzido, já que foi projetado para países emergentes onde, em geral, não existem boas estradas.
A história toda começou após a Dacia, montadora romena fundada em 1968, ser adquirida pela Renault, em 1998. A partir daí seus engenheiros foram encarregados de projetar um carro robusto e barato, que deveria ser vendido por 5.000 euro, não só na Romênia como em vários outros países do Leste europeu. Onde nos anos do domínio comunista os desejos dos motoristas tinham como endereço Trabant e Wartburg (para citar os dois mais conhecidos) e, depois, Lada. Um dos pontos-chave do projeto era a utilização de um menor número de componentes, em relação a carros tradicionais.
Lançado no verão europeu de 2004, este Logan foi logo um sucesso e possibilitou bom retorno financeiro para a Renault, o que levou a montadora a pensar em vendê-lo também na Europa Ocidental. Para isso o Logan foi inteiramente revisto, tanto que o preço chegou a 7.500 euro, com um aumento de 50% em relação à versão que ainda era vendida no mercado romeno. Pois aquela versão inicial seria invendável em mercado mais avançados, como, aliás, os testes das principais revistas automobilísticas tinham logo detectado.
Este Logan “ocidentalizado” acabou vindo, com a Renault, também para o Brasil, onde, pouco a pouco, foi conquistando seu espaço. E agora, com a versão estilisticamente modificada, além das várias melhorias de acabamento e até mesmo mecânicas, se apresenta com credenciais para incrementar suas vendas, graças à favorável relação custo/benefício.
Trata-se, obviamente, de um carro a ser adquirido fazendo apelo à razão, não à emoção, a começar pela escolha entre os dois motores oferecidos, um 1.0 e um 1.6, cada qual com suas vantagens e desvantagens em relação ao outro em função do uso a que for destinado.
Nós andamos bastante com a versão de tope, com motor 1.6 e todos os opcionais disponíveis, tanto na cidade como na estrada, e ficamos bem impressionados. O motor tem respostas prontas, o câmbio, por ora só mecânico (está em estudos uma versão automática), tem engates macios e precisos, a estabilidade e a frenagem são perfeitamente adequadas, o acabamento, para a categoria, é bom e o espaço interno não merece reparos.
Em suma, este Logan é um carro que cumpre o que promete, isto é km e mais km sem grandes dores de cabeça, e um custo, tanto na compra como na manutenção, abaixo do apresentado por concorrentes de mesmo porte.