Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Há muito tempo o Corinthians não sabe o que é uma crise, e muito do que acontece internamente no clube foi refletido na arena de Itaquera nesse domingo: um celular foi atirado no gramado; protestos contra a diretoria na porta do estádio; cerca de cento e cinquenta torcedores organizados tentando invadir o vestiário da equipe e seguranças do clube precisando agir. Isso tudo sem mencionar o que presenciamos no campo.
A equipe de Tite era irreconhecível, muito abalada e transbordando nervosismo. Teve uma postura idêntica a do duelo diante do Guarani-PAR, mais uma vez apresentando fraqueza para criar, finalizando pouco ao gol, errando uma imensidade de passes e tendo dificuldades para encaixar a marcação. Quanto aos defeitos, ainda são os mesmos, e frente ao Palmeiras tiveram um peso bem maior. Primeiro, porque se trata do maior rival. Segundo, desde o início da temporada o Corinthians peca em jogadas de bolas alçadas à sua área. O terceiro ponto soma-se ao anterior, justamente pelo fato de o Verdão apostar bastante nos cruzamentos e, dessa forma, conseguiu balançar o barbante alvinegro duas vezes. Em suma, quando a sua maior deficiência é a maior arma do adversário, as atenções deveriam ser redobradas.
O Palmeiras poderia ter feito mais durante a etapa complementar, mas preferiu administrar o resultado de 2-0. Agora, Oswaldo de Oliveira, que antes da partida era pressionado, fica mais tranquilo. O ambiente alviverde está amenizado para seguir na Copa do Brasil e engrenar no Campeonato Brasileiro.
Até o fim de abril ninguém poderia imaginar o Corinthians vivenciando a atual realidade. O torcedor estava desacostumado com crise financeira e técnica. Protestos, portanto, ficarão cada vez mais comuns enquanto o Corinthians mantiver a mesma conduta.
O elenco já está se configurando. Aqueles que são mais caros e que dão mais gastos ao clube estão de saída. Novos reforços virão — jogadores baratos, é claro. Além disso, Tite já testa esquemas táticos com novas peças, todavia nada surtiu em um grande efeito positivo.
Qual será o destino do clube para essa temporada, ninguém sabe.
Se essas mudanças darão certo ou errado, ninguém sabe.
O tempo que Corinthians levará para ficar em um estado de conforto, ninguém sabe.
E o que mais chama a atenção é que até o fim de abril ninguém poderia imaginar o Corinthians vivenciando a atual realidade em tão pouco tempo. Até porque os torcedores já estavam desacostumados com o Timão enfrentando esse tipo de situação.