Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Enfim o tabu de oito anos foi quebrado!
A postura que o Corinthians tivera no primeiro jogo em Itaquera, o São Paulo teve hoje no Morumbi. Na etapa inicial, o Tricolor estava mudado: o trio de volantes adiantou o time para marcar, Michel Batos e Ganso soltos e alternando pelas laterais do campo, e o time finalmente jogou com objetividade. Teve profundidade e intensidade, dois fatores fundamentais para que o alvinegro se encolhesse no jogo. Tirou proveito da infantilidade de Emerson Sheik, que fora expulso logo aos 18′ da primeira etapa, e balançou as redes duas vezes.
O Corinthians contava com Vagner Love, que fazia bom trabalho de pivô jogando de costas para o adversário, mas era pouco eficiente. Para a etapa complementar, Tite fez o que era lógico — tirou o avante para a entrada de Mendoza — e organizou o time com duas linhas de quatro, com o colombiano auxiliando na marcação e dando velocidade à equipe pelas laterais. Aos 54′ foi expulso junto com Luis Fabiano. A partir disso o esquema tático de Tite não existia mais, visto que não havia como passar pelo bloqueio são paulino para chegar à meta defendida por Rogério. Então o São Paulo tirou o pé do acelerador; seguiu pressionando o Timão, mas não com a mesma intensidade de antes.
Em relação a arbitragem de Sandro Meira Ricci, muito rigorosa, porém perigosa nessa situação. Quando se resolve apitar tudo e distribuir cartões, há com que tomar cuidado, pois pode acabar se perdendo nos próprios critérios, como aconteceu com o juiz no decorrer da partida. Referente às expulsões, Toloi merecia ser expulso pelo pisão que deu em Sheik, assim como atacante foi. Luis Fabiano recebeu o segundo amarelo por simulação e Mendoza o vermelho direto por tentativa de agressão.
Se o que faltava para o São Paulo era motivação, vai precisar continuar assim porque o próximo duelo será frente ao Cruzeiro. Valeu a estratégia de shows de Rock e de ganhar um ingresso na compra de outro. Assim o estádio teve um bom público, que empurrou o time quando mais precisou e fez com que o Morumbi parecesse um caldeirão. Se jogar como hoje nos próximos jogos, vai muito longe. Hoje o São Paulo deu ao torcedor o que ele tanto cobrava: uma atuação digna.
Quanto ao Corinthians um aspecto positivo e outro negativo devem ser analisados. O primeiro se diz respeito ao próximo adversário do Timão nas oitavas, o Guaraní-PAR, um oponente mais tranquilo, e além disso o alvinegro terá um ótimo tempo de quinze dias para se preparar apenas para esse duelo; o outro se refere ao fato de que estão aprendendo a jogar contra o Corinthians, pois foi assim contra a Ponte Preta, San Lorenzo, Palmeiras e hoje diante do São Paulo. Os adversários adiantam a marcação, principalmente pelas laterais (onde a equipe do Parque São Jorge sai melhor com a bola), e obrigam o time de Tite a sair para o jogo pelo meio. Ademais, quando Elias se apaga no jogo, praticamente 60% do time é anulado, pois o volante dita o ritmo e o jogo da equipe, além de ser uma grande chave no ataque alvinegro. Claro, há de se considerar todo o desgaste corintiano até agora, que não é pouco; mas não se pode achar que toda situação alvinegra está sob total controle e que a derrota de hoje aconteceu em função das expulsões e das condições físicas dos atletas. O Corinthians começou mal desde o segundo tempo do jogo diante do Palmeiras e, agora, é preciso ficar de olhos bem abertos — não acredito que acontecerá assim frente ao Guaraní-PAR — porque, mais tarde, poderá ser fácil jogar contra o Corinthians, assim como foi hoje.
Como já era muito bem previsto, todos os brasileiros passaram. O Internacional enfrenta o Atlético-MG, enquanto o aguerrido São Paulo de hoje busca manter uma boa estabilidade diante do Cruzeiro.