Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
O Clássico da Saudade é o confronto entre Palmeiras e Santos. Este nome refere-se ao fato de reunir os dois maiores times do futebol paulista durante o auge do futebol-arte brasileiro, na década de 1960, quando o Palmeiras tinha Ademir da Guia como principal craque, e o Santos, Pelé.
No duelo em Itaquera, as duas equipes apresentaram propostas interessantes. Oswaldo não contava com um lateral-esquerdo de ofício e, sabendo que Tite ia explorar aquele setor com Fágner diante de um zagueiro improvisado, apostou em deixar Dudu um pouco mais adiantado para incomodar a zaga alvinegra. Ademais, o Palmeiras adiantou a marcação e complicava a saída de bola do Corinthians. Este, por sua vez, fazia forte marcação em cima do adversário e, em função disso, sobraram chutões para os dois lados.
Os dois primeiros gols da partida saíram na etapa inicial a partir da maior deficiência das duas equipes: o posicionamento nas situações de bolas alçadas à área. O Palmeiras abriu o placar e deixou o Corinthians pressionar até empatar. Depois, viu o Timão melhorar ainda mais até virar com Mendoza e ir para o vestiário com um resultado importantíssimo. O Colombiano, em minha opinião, foi o grande nome do jogo por ir das luzes às sombras. Marcou um golaço do meio da rua no primeiro tempo e, no segundo, ouviu durante muito tempo os berros de Tite e dos suplentes, que exclamavam: “VAI MENDOZA! ACOMPANHA! ACOMPANHA!”. Não acompanhou Rafael Marques, que deixou novamente a partida empatada e a levou para as cobranças de penalidades máximas.
Robinho, o maior destaque palmeirense na competição, bateu primeiro, isolou e viu todos os demais batedores converterem. Até que chegou a última e decisiva cobrança e, se Elias fizesse, o Corinthians estaria na final. O meia não viu Prass telegrafar o canto em que cairia e desperdiçou. Já o arqueiro, não só brilhou nesse lance como também pegou o penal de Petros e levou o Verdão à grande decisão.
O jogo foi de altíssimo equilíbrio e o resultado justo. O Palmeiras, em meio aos desfalques, provou sua competitividade na hora certa, quando mais precisava de uma decisão. Já o Corinthians, foi eliminado invicto na temporada e na competição, sem contar toda invencibilidade que tem no estádio, e agora está focado apenas na Libertadores.
Do confronto entre Santos e São Paulo, destaco três aspectos que merecem algumas avaliações: o primeiro se refere ao meio de campo e ao ataque santista, que caracterizam todo potencial da equipe com sua grande velocidade; o segundo, se diz respeito a postura são paulina, que ainda é a mesma, demonstrando uma equipe muito lenta ao trocar passes e com pouquíssima objetividade; por fim, o terceiro, relaciona-se a um grande axioma desse dérbi, o qual certifica a superioridade santista.
A etapa inicial foi de grande movimentação do Peixe, com forte participação do trio Lucas Lima, Robinho e Geuvânio. Este, saiu como maior destaque da partida em razão da arrancada que resultou no golaço que abriu o placar na Vila. Essa foi a chave do mandante, que era ousado em suas chegadas à meta defendida por Rogério. Já o São Paulo, teve chances com Wesley e Denílson, mas passou a maior parte dos primeiros quarenta e cinco minutos se defendendo.
Para a etapa complementar, o Tricolor veio a campo com Luis Fabiano, buscando alguma mudança no ataque com a individualidade das peças que o compõe. Michel Bastos era quem mais procurava jogo, mas sentia a carência de um jogador mais inspirado, pois Pato e Ganso estavam apagados na partida e, consequentemente, o camisa 7 acabou caindo de rendimento. Por outro lado, o Santos teve três grandes chances com Ricardo Oliveira: na primeira, com a ajuda do juizão, a redonda tirou tinta da trave; na segunda carimbou o poste; e só na terceira balançou o barbante. No fim do jogo Luis Fabiano descontou, o São Paulo cresceu, mas já era tarde.
O São Paulo se complica internamente, principalmente quando o assunto é o emocional. Vejo que todo elenco é pressionado para a partida da próxima quarta frente ao Corinthians, na qual depende de si próprio para se classificar. A partir de agora, o futuro são paulino é uma incógnita. Se jogar bem, não saberemos se manterá uma regularidade. Se jogar mal, terá de se estabilizar só no Brasileirão, mas a incerteza será em relação ao tempo que levará para isso acontecer.
Assim como o Palmeiras, o Santos é uma equipe muito competitiva. Prevejo um duelo que começará bem estudado; mas será aberto, com muita velocidade tanto pelo meio quanto pelas laterais do campo e de muito equilíbrio. Em suma, uma final interessantíssima.