Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
O duelo entre Cruzeiro e Huracán pela Copa Bridgestone Libertadores nos proporcionou alguns aspectos interessantes para realizarmos uma breve análise tática, com uma atenção maior para o sistema ofensivo.
Apesar do elenco ser diferente daquele Campeão Brasileiro da temporada passada, o estilo de jogo cruzeirense ainda é o mesmo. Os volantes executam a saída bola e continuam sendo a peça fundamental dessa equipe. Willians teve boa atuação, demonstrando segurança na marcação e distribuindo lançamentos precisos para quem atuava pelas pontas.
Ademais, o Huracán deixava o lateral direito com mais liberdade em razão de Mena não ajudar tanto no apoio ofensivo. Por outro lado, Mayke tomava conta do seu setor no campo; parecia que o lado esquerdo argentino era uma avenida, pois era o setor mais fraco da equipe. Quando havia combate de um contra um, o brasileiro vencia praticamente todos. Realmente, era a maior potência da equipe da casa.
O que mais me chamou a atenção no duelo foi o posicionamento de Leandro Damião, do jovem Arrascaeta e de Marquinhos. O primeiro, um pivô nato; além de ser muito participativo na partida, executava uma finalização melhor do que a outra no jogo, sendo que aos 31′ teve a façanha de colocar a bola onde a coruja costuma dormir. O segundo, apareceu bem nos primeiros 20 minutos da etapa inicial, tendo boa presença dentro da área do adversário e criando grandes chances perigo; na etapa complementar teve atuação apagada e foi substituído. Já o terceiro, aterrorizava o lado esquerdo da defesa argentina; o atacante celeste estava muito solto por seu setor e, com muita velocidade, era a melhor alternativa para chegar a meta do time visitante.
Se o Cruzeiro não tivesse pecado tanto nas finalizações, o placar seria muito maior. Tinha como adversário uma equipe fraca, com o nível técnico inferior ao dos mineiros. Além disso, não podemos esquecer que o Celeste passa por um processo de reconstrução. Para mim, não jogou mal; mas poderia muito bem ter saído com a vitória. Não apenas porque o assistente se equivocou ao anular o gol legítimo de Leandro Damião; mas, sim, em função de todo volume e objetividade que criou na partida. Por tudo o que produziu no duelo somado à importância dos três pontos em casa, o empate saiu com gosto de derrota.
Apesar do mau resultado, gostei da postura cruzeirense em boa parte do jogo. O que realmente faltou foi tranquilidade e inteligência para acertar o alvo. Muitas vezes, na base do desespero, alçavam bolas à área e ninguém as alcançavam. Já para os argentinos, valeu toda a catimba e o pontinho conquistado fora de sua terra deve ser muito bem comemorado.