Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Diante do Corinthians, o São Paulo perdeu por falta de organização, tanto ofensiva quanto defensiva. O gol alvinegro deixou muito claro que o problema não se trata apenaa da falta de atenção dos que compõem o setor de marcação; mas também de todo desespero e afobação para uma rápida e mal feita recomposição.
Em um lance, quando o placar estava zerado, Guerrero arranca pelo meio e vê Emerson passar entre dois zagueiros. Se o peruano executasse o passe com perfeição, Sheik sairia cara-a-cara com Rogério tendo totais condições para balançar o barbante. Após o gol, mais uma chance alvinegra, agora com Elias. A chegada do famigerado “homem-surpresa” quase resultou no segundo gol do Timão na partida.
Sabem por que o Corinthians tem tanta facilidade para infiltrar na zaga são paulina com Elias? Porque o problema maior não está na dupla central de zagueiros; mas, sim, na de volantes. São estes que fazem toda a contenção e dão aderência à equipe. Além disso, são os principais responsáveis por anular toda a criação dos visitantes.
Por que o São Paulo tinha tanta dificuldade para chegar à meta de Cássio com jogadas pelo meio? Porque do outro lado, além de ter uma defesa sólida e muito bem entrosada, tem Ralf que desempenha sua função de maneira formidável. Por falar em entrosamento, o que me chama muita atenção na defesa alvinegra é que terminou o jogo praticamente com reservas – Edílson, Edu Dracena, Felipe (o único titular) e Uendel. O São Paulo teve surpreendentes nove impedimentos marcados, a maioria com Centurión e Luis Fabiano. A dupla tricolor sofreu bastante com toda inteligência da defesa do Corinthians, que jogava em linha.
Por que tanto se fala que o Corinthians é um time pronto? Porque Tite aprimorou à sua equipe três características que o São Paulo não tem: entrosamento, frieza e consciência. Dá pra ver de longe que o Tricolor não têm um sistema defensivo entrosado. Basta analisar o gol de Danilo, quando há quatro defensores são-paulinos marcando a distância na altura da marca do pênalti. Ademais, o São Paulo é um time muito morno, prefere trocar passes no meio de campo esperando uma brecha do adversário ao invés de arriscar em um chute de longa distância ou uma jogada individual. Apostava atacar pelos lados – uma ótima alternativa – aproveitando que podia contar com Centurión, que era o único que criava boas chances e que teve destaque positivo pelo time da casa, mas não aparentava ter consciência, tampouco objetividade.
Volto a destacar a importância da dupla de volantes: o sistema tático do São Paulo é dependente dela. Quando Souza adiantou a marcação e roubou a bola de Elias, o Tricolor teve a sua melhor chance na partida. O camisa 8 deu uma entrevista após o apito final declarando que faltou sorte ao São Paulo. O que faltou foi organização tática. Se continuar assim, no próximo desafio da Libertadores, que será frente ao San Lorenzo, sofrerá bastante. E se sair com um resultado negativo, correndo o risco de uma possível eliminação na fase de grupos, não será visto como surpresa.