por Claudio Carsughi
Do ovo de Pàscoa, que chegou uma semana antes, saiu uma clamorosa
surpresa : Vettel, em sua segunda corrida pela Ferrari, venceu o GP da
Malasia, à frente da favorita dupla da Mercedes, com Hamilton segundo e
Rosberg terceiro.
O desfecho da prova, que teve lances sensacionais, não pode ser
debitado somente à tática de box, com Vettel optando por duas paradas
enquanto os pilotos Mercedes fizeram três. Mas obedeceu a uma
inesperada superioridade, em termos de desempenho, da Ferrari, coisa
que foi claramente vista após o derradeiro pit-stop de ambos. Aí, na
volta numero 38, Vettel tinha 13″7 de vantagem sobre Hamilton e ambos
utilizavam o mesmo tipo de pneus, tornando válida a comparação.
Enquanto ano passado Hamilton teria alcançado e superado facilmente seu
adversário, em poucas voltas, agora o atual campeão mundial não
conseguiu, em momento algum, fazer o mesmo e Vettel pôde manter
tranquilamente sua vantagem até a bandeirada final.
A inesperada superioridade da Ferrari foi realçada pelo quarto lugar de
Raikkonen que, embora largando em 11º lugar e sendo logo obrigado a
voltar ao box, após ser atingido por trás pela Sauber de Nasr, pelo
furo de um pneu, teve uma esplêndida reação e acabou conquistando um
quarto lugar que, em condições normais, seria um pódio. A comparação de
sua corrida com a de Rosberg, autoriza esta interpretação e mostra, sob
outro ângulo, a superioridade da Ferrari neste GP da Malasia que
assinalou, após quase dois anos, sua volta ao degrau mais alto do
pódio. A vitória anterior, com efeito, tinha sido obra de Alonso, no
GP da Espanha de 2013.
Naturalmente não se deve pensar que, como num passe de mágica, a
Ferrari já esteja em condições de encarar a Mercedes e, como deixou
claro o ds Arrivabene, a meta de vencer 2 GPs nesta temporada continua
de pé. A Ferrari tem ainda muito trabalho pela frente e a
obrigatoriedade de manter um “low profile”, mas não há como negar q
que o trabalho de total renovação teve um bom começo, com Vettel terceiro na abertura do campeonato na Australia e agora vencedor na Malásia. E, para reforçar isto, o bom desempenho, embora com certa dose de falta de
sorte, de seu companheiro Raikkonen que fez por merecer resultados bem
melhores dos alcançados nestas duas provas iniciais do campeonato.
Dito isto, vale ressaltar que Hamilton continua, em minha opinião,
sendo o favorito na luta ao título e a Mercedes a mais cotada para
levar a Taça dos Construtores. Isto, aliás, com uma clara definição de
papéis na equipe, onde Hamilton é o nº 1 e Rosberg seu fiel escudeiro,
um pouco como acontecia na época da dupla Senna – Berger.
Entre os demais foi muito interessante a luta interna na Williams, com
Massa obtendo um brilhante 6º lugar, enquanto o outro brasileiro, Nasr,
prejudicado pelo toque em Raikkonen que lhe danificou a asa dianteira,
teve que se contentar com o 12º lugar. De qualquer forma, para um
estreante, trata-se de um começo de campeonato totalmente positivo.
Nas notas negativas, as dificuldades da equipe McLaren-Honda em ter um
carro ao menos parcialmente competitivo, mesmo com a estréia de Alonso
após seu acidente. Coisa, contudo, que não me surpreende e era
amplamente esperada, pois na F1 ninguém faz milagres.