Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
O Corinthians teve o seu primeiro grande desafio no ano diante do Once Caldas, em duelo válido pela pré-Libertadores, e deu um passo gigantesco na competição. A partida frente aos colombianos foi fortemente caracterizada pelo estilo de arbitragem do torneio. Como todos sabem, muitos lances que são considerados faltosos aqui no Brasil não são vistos dessa forma na Libertadores e, assim, o jogo fica mais corrido. O problema é que muitos árbitros se perdem nesse tipo de critério e acabam deixando com que o confronto fique violento. Isso foi possível perceber, aos 11′, quando o jogador colombiano vai disputar uma bola aérea com Guerrero, esquece a redonda, olha apenas para o peruano e acerta uma cotovelada na costela do camisa 9 alvinegro. O juiz deixou o lance seguir e, a partir daí, o jogo ficou bem mais pegado. Os corintianos apanharam – e muito – na etapa inicial. Guerrero perdeu a cabeça e acertou o rosto do adversário. Evidentemente, foi expulso. Mas a maior chave do Corinthians no primeiro tempo foi o gol de Sheik aos 0’30” de partida, pois mais tarde o Timão deu uma esfriada na partida, e ir para o vestiário com o placar de 1-0 era mais do que maravilhoso para o Corinthians naquele momento. Só não foi com dois gols no marcador porque o chute de Sheik, nos minutos finais da primeira etapa, acabou no travessão, bem próximo de onde a Coruja costuma dormir.
Na volta do intervalo, um Corinthians mais inteligente e agressivo. O Jadson que estava apagado no primeiro tempo, esbanjava muita vontade e determinação para marcar e criar. Dos pés dele nasceu o segundo gol. O terceiro – um golaço – demonstrou uma marca que já fora vista diante do Marília e na qual percebemos uma grande melhoria após a chegada de Tite: velocidade nos passes. O Corinthians não é uma equipe caracterizada pela velocidade de seus atletas; mas pela velocidade que estes impõem à equipe ao trocar passes. O melhor exemplo que eu posso citar é Danilo, que é lento fisicamente; mas quando entra, tem função de criar jogadas, segurar a bola e dar velocidade ao ataque com seus passes. O Corinthians é uma equipe veloz e sua velocidade não está no atleta e, sim, na bola. No terceiro gol, além da rápida troca de passes que vimos, percebemos que são toques de bola realizados com inteligência – um grande ponto positivo e interessante a respeito do Timão para essa temporada. Por outro lado, dois pontos ainda devem ser observados com atenção. Gil e Felipe jogam em linha e isso significa que cedem espaço ao atacante adversário, ou seja, diante de um avante hábil, este pode ter ótimas chances de ficar cara-a-cara com Cássio. Nesse caso, é necessária a cobertura de um volante ou, até mesmo, da aproximação de um da dupla defensiva, o que automaticamente adiantaria a linha e diminuiria o espaço do ataque adversário. Além disso, o Timão ainda necessita de mais um atacante. Emerson joga pelas laterais e não costuma ficar na área. O único que faz a função de centroavante no Corinthians é Guerrero. Sem o camisa 9 em campo, Renato Augusto era o jogador central no ataque alvinegro e, muitas vezes, era possível observar um cruzamento na área e nenhum corintiano nela. O Corinthians precisa de um jogador que fique próximo de Guerrero.
O quarto gol resume em algumas palavras as propostas das equipes para o segundo tempo. O Corinthians era inteligente e sabia controlar o jogo com um a menos. O Once Caldas, a cada gol que sofria, se desesperava mais e muitas vezes parecia que a ideia do time era machucar algum jogador alvinegro para que fosse desfalque na partida de volta. Ao analisarmos o quarto gol vemos que todos os defensores colombianos chegam atrasados na bola acertando os corintianos e acabam se perdendo na jogada, que acaba no belo gol de Fagner.
Quanto a arbitragem, era um jogo difícil, assim como qualquer outro da Libertadores. O problema é que muitas vezes se perdia; mas acertou lances que gerariam muitas polêmicas como, por exemplo, as três expulsões (a de Fábio Santos não poderia ser mais infantil) e o gol anulado dos colombianos. As vezes é necessário marcar uma falta uma a mais e mostrar um cartão, pois assim o controle ainda fica sob as mãos do árbitro.
Sempre é legal assistir a um jogo agressivo, mas nunca violento.