Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Muricy Ramalho retornou ao comando do São Paulo após ficar três dias internado, e chegou com uma cobrança feita pelo presidente Aidar que me deixou bastante intrigado. Em entrevista concedida à rádio Jovem Pan nesta segunda-feira, o mandatário afirmou o seguinte: “Ele tem contrato até dezembro de 2015 e ele vai ser campeão com a gente. Ele está devendo essa para a gente. Nós montamos o time que ele quis. Com o que ele tem, agora, ele tem que ganhar. Agora quem vai cobrar dele publicamente sou eu”.
Agora, caro leitor, eu o convido a uma breve reflexão. Imaginemos que o São Paulo seja eliminado do Campeonato Paulista; mas chegue à calorosa final de Libertadores, com uma belíssima campanha na competição. Além disso, a equipe segue até esse momento entre os quatro primeiros do Brasileirão, uma posição respeitável – até aí, um trabalho muito bom realizado pelo treinador, porém sem títulos. Na decisão da Libertadores, um grande duelo, totalmente disputado e de bom nível técnico. O São Paulo perde. Mais tarde fica em quarto no Brasileirão e garante uma vaga na pré-Libertadores do próximo ano. Nesse momento eu te pergunto: Muricy mereceria ser demitido? Afinal, ele não conquistou nenhum título; por outro lado, o trabalho exercido pelo treinador seria digno de respeito.
Pois bem. Títulos são importantíssimos, mas a sede de conquistá-los é tão grande, que mesmo o treinador realizando um trabalho muito bom, uma simples eliminação é motivo para demissão. Muricy foi eliminado quatro vezes na Libertadores por times brasileiros – Internacional na final em 2006, Grêmio nas oitavas em 2007, Fluminense nas quartas em 2008, e Cruzeiro nas quartas em 2009. A última eliminação foi o estopim para a sua saída do Tricolor, mesmo após conquistar três títulos brasileiros de forma consecutiva.
Muricy está devendo ao São Paulo ou o São Paulo que deve ao Muricy?
Libertadores é tudo?
Aidar errará (e muito) se demitir Muricy por não conquistar títulos nessa temporada.