Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Para os que duvidavam da supremacia do futebol mineiro, o ano de 2014 esclareceu qualquer questionamento. Hoje as melhores equipes do futebol nacional estão em Minas Gerais (Cruzeiro e Atlético-MG) e o ano só não foi perfeito porque o título da Libertadores não permaneceu no estado. O Cruzeiro era o último representante brasileiro na competição, tinha, em minha opinião, o melhor elenco em relação aos demais participantes e deu vexame ao ser eliminado pelo San Lorenzo.
A Raposa, todavia, se manteve líder do Campeonato Brasileiro desde a sexta rodada e contou com a sorte em algumas, pois quando tropeçava, seus adversários mais próximos na tabela também não obtinham resultados positivos. Em relação às demais equipes, o time celeste era o mais estável do campeonato e, por isso, saiu vitorioso. Fez uma ótima campanha conquistando 80 pontos e fechando a competição com 70.2% de aproveitamento, ou seja, um bom desempenho para ser campeão; mas isso não quer dizer que era uma equipe consistente. Chegava em um momento do campeonato com a mesma forma de jogar, as mesmas jogadas, o mesmo estilo… Em outras palavras, na metade do torneio era fácil jogar contra o Cruzeiro e isso foi possível observar no duelo diante do São Paulo, no Morumbi, que terminou com o placar de 2-0 para o time paulista. Ademais, soube lidar com os erros e, nas últimas rodadas, obteve resultados importantes fora de casa e isso foi fundamental para que o triunfo celeste acontecesse com tamanha folga.
A supremacia mineira foi concretizada quando Cruzeiro e Atlético-MG foram os grandes protagonistas da final. De um lado, a Raposa vinha de um bom resultado diante do Santos na Vila Belmiro; do outro, o Galo, que não se contentara apenas com histórica virada sobre o Corinthians e resolveu aplicar outra da mesma forma em cima do Flamengo. No primeiro duelo da grande decisão, apenas o Atlético-MG jogou, anulou todo o meio de campo do Cruzeiro e cravou 2-0 no placar do Independência. No jogo de volta, nada muito diferente: o Galo era muito bem postado taticamente e ficou com a taça.
Também não podemos esquecer da presença de nomes como Tardelli, Ricardo Goullart e Everton Ribeiro na Seleção. Além disso, o camisa 17 cruzeirense foi eleito o Craque do Brasileirão. Tais menções coroaram toda campanha mineira no ano.
Vale lembrar que Minas Gerais quase conquistou outro título. O América-MG fez uma excelente Serie B do Brasileiro e se não fosse pelos problemas extracampo, a equipe teria garantido com tranquilidade o acesso para a divisão de elite. O Coelho escalou o lateral Eduardo de forma irregular e perdeu 21 pontos e, assim, permaneceu por algumas rodadas na zona de rebaixamento. O clube reagiu (no campo) e poderia ter conseguido o acesso de forma antecipada.
O segredo da grande ascensão do futebol mineiro foi a boa administração dos dirigentes, como já foi discutido aqui, no post “Boas e clamorosas gestões”. Soma-se a isso o pequeno fato de o nível dos paulistas e dos cariocas decaírem muito. Assim, desde 2013, a qualidade do futebol de Minas Gerais está acima dos demais estados, pois deu aula de como manter a base do time, se reforçar bem e permanecer competitivo em outras temporadas.