Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Se o ano de 2014 para os clubes paulistas não foi bom, para os cariocas foi péssimo. Tudo se deve a um único fator que contribui para toda atual situação precária do futebol brasileiro: péssimas gestões.
A começar pelo Vasco, que, após ter perdido a final do Campeonato Carioca para o Flamengo, tinha a missão de fazer uma boa Copa do Brasil e garantir o acesso à Serie A, nada além disso. Para quem não se lembra, aconteceu o seguinte: o Cruz-Maltino já vivia um momento de crise, pois estava há cinco partidas sem vencer e vinha de uma goleada por 5 a 0 sobre o Avaí, em São Januário. Com o técnico interino, Jorge Luís, já que Adilson Batista havia pedido demissão, o Vasco foi eliminado da Copa do Brasil diante do ABC. Nesse momento, a crise se agravou.
Veio Joel Santana, que conseguiu a vaga para a Serie A. Foi uma conquista muito mal realizada, no sofrimento, com o risco do clube permanecer mais um ano na segunda divisão. O Vasco colocou a medalha de bronze no pescoço sob vaias da torcida, que comprava o ingresso para assistir aos jogadores desinteressados e pouco inspirados apresentando um futebol pífio. Essa é a maior prova de um clube que se apequenou – e muito – nos últimos anos.
Dentre os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro, a situação do Botafogo é a mais delicada. Não falo apenas pelo péssimo desempenho apresentado no ano; nem pela catastrófica administração de Maurício Assumpção, que ao dispensar quatro jogadores essenciais para o time, deu mais volume à uma grande bola de neve; mas pelas consequências que poderão surgir em 2015, pois o time da Estrela Solitária se prepara para uma Serie B sem nenhuma projeção do que terá pela frente. Isso porque está sob nova direção que, além de herdar um clube quebrado, possui muitos membros que irão aprender a lidar com as dificuldades do trabalho em razão de ser a primeira oportunidade deles à frente do clube.
O futuro do alvinegro, portanto, é incerto, pois não podemos afirmar se ele voltará à divisão de elite no próximo ano. A Serie B tem ficado cada vez mais difícil de conquistar, ainda mais com um elenco mudado. Ademais, despediu, além de Wagner Mancini e o diretor Wilson Gottardo, dezessete jogadores há pouco mais de vinte dias para o início da próxima temporada. Dificilmente, todos os problemas do Botafogo serão solucionados em um ano.
O Fluminense também vive na linha da incerteza do que virá. O problema do Tricolor no ano foi apostar muito em seus parceiros quando vivia uma crise financeira. Segundo a declaração de Fred, o clube devia 20 meses de direitos de imagem – mais de 700 mil reais (apenas para o Fred). Após o fim da parceria com a Unimed, o Flu buscou soluções no mercado de forma desesperada – como se já não soubesse o que pudesse vir a acontecer – e assinou com a Viton, pois era a cooperativa de médicos quem bancava a maior parte dos salários e o medo de uma debandada tomou conta dos tricolores. Principais figuras do time, Conca e Fred têm sido assediados e, até o momento, Bruno, Carlinhos, Diguinho, Fabrício e Valencia deixaram Laranjeiras. Isso tudo é a prova de um grande despreparo da parte dos dirigentes.
Em relação aos demais, o ano do Flamengo foi o melhor. No início do Campeonato Brasileiro esteve ameaçado de cair; mas veio Luxemburgo e não só tirou o rubro-negro da zona de rebaixamento, como levou-o a uma respeitável vaga na semifinal da Copa do Brasil. Além disso, o caminho que o time da Gávea seguiu neste ano é o mesmo que seguirá no próximo. A preocupação maior é primeiro pagar as dívidas e depois investir pesadamente nos reforços. De fato, é o clube que melhor se organizou nesse ano e está mais preparado para o próximo, pois apresenta uma perspectiva positiva, já que conta com uma base formada, jogadores em ascensão e com a certeza de qual treinador estará no comando da equipe em 2015.
Os cariocas precisam rever seus conceitos, estruturas, elencos, políticas internas… Há muito o que se ajustar no Rio de Janeiro, pois o dinheiro dos clubes está acabando e o nível das equipes caindo. Precisam buscar outras formas de investimentos.
Vale lembrar que para a próxima temporada teremos mais catarinenses do que cariocas no Campeonato Brasileiro, o que pode servir como sinal de alerta. Por fim, o ano dos cariocas só não foi um desastre total porque o Macaé conquistou a Serie C, contra o Paysandu, em Belém.