Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
A melhor receita para se ganhar um campeonato é uma boa administração da diretoria. Dessa forma, O Cruzeiro venceu o campeonato com folga, pois o futebol brasileiro se encontra em situação precária graças às atuais gestões da maioria dos cartolas dos grandes clubes.
A campanha cruzeirense é digna de ser elogiada. Dos 114 pontos disputados, os mineiros conquistaram 80, tendo um aproveitamento de 70,2%. Foi o campeão do primeiro turno e, na segunda etapa da competição, o foi o vice, visto que teve pontuação idêntica a do Corinthians, porém com um gol a menos no saldo.
Três pontos devem ser levados em conta para entendermos como a diretoria teve papel importante nesse ano:
Primeiro. Diferente de muitos clubes, o Cruzeiro mantinha os salários de seus atletas em dia. É evidente que o futebol nacional passa por uma crise financeira e em função disso, os mineiros passaram a investir pesadamente no programa sócio-torcedor, uma alternativa que vêm sendo muito utilizada, principalmente pelas equipes gaúchas.
Segundo. Manteve a mesma base do time campeão do ano passado, ou seja, o que não faltou nessa equipe foi entrosamento. Além disso, bons reforços vieram e deram certo, como Marquinhos, Manoel e Marcelo Moreno.
Terceiro. Uma questão que, em muitas vezes, é trabalhada apenas em casos de emergência. São poucos os clubes que aproveitam os talentos da base. Lucas Silva é volante e Mayke lateral-direito. Os dois se firmaram rapidamente entre os titulares. Além de serem grandes promessas – o primeiro já desejado pelo Real Madrid – são atletas de posições das quais o futebol brasileiro está carente. Portanto, vemos que o Cruzeiro tem uma base, assim como a maioria dos grandes clubes, e que deve sim aproveitar esses garotos.
Por outro lado, o Botafogo viveu exatamente o oposto. A péssima gestão de Maurício Assumpção carimbou o passaporte dos cariocas para a Serie B. O alvinegro não caiu para a segundona naquele jogo diante do Santos. O time da estrela solitária tinha 36,1% de aproveitamento de pontos, após sete vitórias, cinco empates e treze derrotas, quando ex-presidente mandou embora Bolívar, Edilson, Sheik e Julio Cesar. O percentual de pontos, que era ruim, despencou para 19,52% nos 12 jogos após a exclusão dos atletas do elenco. Foram apenas duas vitórias e um empate desde então. Teve o pior aproveitamento do segundo turno. Questão de salários atrasados… nem se fala. As rescisões dos contratos dos jogadores diminuíram a qualidade técnica dos atletas, as possibilidades táticas para o treinador trabalhar e a quantidade de boleiros experientes que poderiam lidar com o peso da disputa contra o rebaixamento. Na vigésima quinta rodada do Brasileirão o Botafogo morreu e o enterro foi só na trigésima sétima, na Vila Belmiro.
A nova diretoria botafoguense têm muitos problemas para resolver. Tantos, que eu acredito que não resolva todos em 2015. Acredito que levará mais tempo. Ademais, a Serie B não é um campeonato fácil. Dessa forma, dificilmente o Fogão levantará o caneco; mas o importante é que mudanças acontecerão.