O GP do Japão deu, uma vez mais, e desta feita de forma cruel com o terrível acidente do jovem Bianchi, a exata medida da cobiça pelo dinheiro, que rola às centenas de milhões de dólares na F1, e o absoluto desprezo por todo o resto por parte de seus inescrupulosos dirigentes.
Ficou claro, desde o começo da manhã, que em Suzuka ocorreriam fortes chuvas, situação que, com dirigentes mais atentos à salvaguarda dos pilotos, proporia duas soluções.
Uma, a de, em caso de chuvas torrenciais, anular o GP e eventualmente faze-lo realizar na 2ª feira, se as condições meteorológicas o permitissem. Outra, antecipar de algumas horas a largada, aproveitando o fato das condições da pista ainda permitirem, pela manhã, uma disputa normal, sem muitos perigos.
Em ambos os casos, do ponto de vista de pilotos e equipes, teríamos apenas prejuízos menores, de organização interna e reformulação de voos. Mas não se colocariam em perigo vidas humanas.
O único prejuízo – e bem grande, certamente – seria financeiro, com as emissoras de televisão obrigadas à reformular suas programações à última hora pois não teriam uma atração pela qual pagam, e pagam muito. E a FIA provavelmente se veria obrigada a indeniza-las de alguma forma pelo prejuízo. Mas sempre muito menos do que vale a segurança de todos os envolvidos num GP.
O GP em si, com o ridículo de começar e acabar em regime de Safety Car e ter exposta por duas vezes a bandeira vermelha, acabou mostrando a merecida vitória de Hamilton, que reforçou assim sua liderança no campeonato à frente do companheiro Rosberg. O alemão lutou muito para manter a liderança, mas quando Hamilton, num lance magistral, o ultrapassou por fora na 1ª curva, na 29ª volta, ficou claro que somente um problema mecânico faria o inglês perder a corrida.
Com as duas Mercedes à frente dos demais, o GP se notabilizou, como se previa, na luta pelo degrau mais baixo do pódio, que acabou premiando um Vettel renascido (talvez seja o efeito psicológico de sua confirmada saída da equipe Red Bull rumo à Ferrari) e um Button que pareceu, de seu lado, querer mostrar que pode (como parece provável) até deixar a F1 ao final do ano, mas ainda é um ótimo piloto.
Entre os demais, uma Williams que perdeu com a chuva parte do potencial exibido no seco e viu Bottas e Massa marcarem menos pontos do esperado (eu particularmente pensava que, no seco, uma das Willliams poderia ter alcançado o terceiro lugar).
E uma Red Bull que melhorou bastante em relação ao que vimos nos treinos e, em determinado momento, deu até a impressão de poder, com Vettel, incomodar bastante Rosberg. Mas um erro de Vettel acabou com essa possibilidade, levando o piloto a se preocupar principalmente em garantir um brilhante terceiro lugar, à frente do companheiro Ricciardo, neste fim de semana não tão competitivo como estamos acostumados a ver.
Por fim, uma nota sobre o fracasso da Ferrari. Alonso saiu já na 3ª volta acusando um problema elétrico e a realidade técnica do carro de Maranello apareceu então em toda sua crueza, com Raikkonen, que não consegue se adaptar ao carro, fechando num modestíssimo 12º lugar e com o vexame de ficar uma volta atrás dos principais adversários.