Por Maurício Santos, autor do blog Após os 90′.
Neste mês de setembro estarei na Europa e os comentários de futebol serão de autoria do meu jovem e talentoso colega Maurício Santos. Espero que os apreciem e até outubro. Carsughi.
O Grêmio está excluído da Copa do Brasil. A decisão ocorreu após julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na tarde desta quarta-feira. Além disso, o clube gaúcho também foi multado em R$50 mil, e os torcedores identificados estão proibidos frequentar estádios por 720 dias. O arbitro do jogo, Wilson Pereira Sampaio, foi multado em R$800 e suspenso por 45 dias, junto com seus auxiliares Kleber Lucio Gil e Carlos Berkenbrock, que ambos receberam 30 dias de suspensão e R$500 de multa.
Durante essa semana alguns membros da diretoria gremista tentaram relativizar o racismo e a indignação de Aranha com as ofensas que ouviu durante uma partida de futebol. Luiz Carlos Silveira Martins, presidente do Grêmio entre 1997 e 1998, disse que o termo “macaco” faz parte do folclore do futebol do Rio Grande do Sul. Há anos alguns torcedores gremistas tratam os torcedores do Inter como “macacada”. O contexto da partida contra o Santos, contudo, nada tinha a ver com uso da palavra. Já Renato Moreira, um dos vice-presidentes do Grêmio, disse que no Rio Grande do Sul o clube racista é o Inter. O rival do Grêmio adotou um mascote que é um macaco chamado de “Escurinho” em 2009. Outro vice-presidente do Grêmio, Adalberto Preis, acredita que o goleiro Aranha, do Santos, encenou uma reclamação por atos racistas ou de injúria racial. “Sabem por que o árbitro não ouviu nem presenciou? Porque não houve. Foi tudo uma grande encenação do goleiro para fazer cera”, postou Preis no Twitter. “Sim. O vídeo da menina é a única coisa real, mas nem o juiz nem o goleiro poderiam ter ouvido. Falei OUVIR”, disse a respeito da imagem na qual aparece Patrícia Moreira, torcedora identificada durante a transmissão da ESPN Brasil chamando Aranha de macaco. “Só apresentaram, até agora, imagens sem áudio. E há o depoimento do juiz de que não ouviu”, completou em seguida. É uma farsa dizer que o Brasil não é um país racista. O Grêmio tem se mostrado cada vez mais intolerante com o racismo e, há cerca de um ano, fez uma bela campanha contra esse preconceito. Em minha opinião, se o presidente do clube tem total razão em banir o torcedor racista dos estádios, ele tem o mesmo direito de realizar a exclusão dos dirigentes que insistem em achar normal que o preconceito se alastre pelas arquibancadas. Falta coragem.