A indicação de Dunga como novo técnico da seleção brasileira, substituindo Scolari, notícia por sinal antecipada vários dias atrás por Wanderley Nogueira na rádio Jovem Pan, criou, em minha opinião, um verdadeiro divisor de águas.
É sabido que Dunga não tem a aprovação de boa parte dos torcedores, que não lhe reconhecem qualidades para o posto e discutem seus métodos de trabalho, seus esquemas táticos e as consequentes convocações.. E mesmo os bons resultados alcançados em sua primeira passagem pelo posto acabaram, no imaginário do homem da arquibancada, totalmente apagados pelo que aconteceu, na Copa de 2010, no segundo tempo da quarta de final frente à Holanda. Isto após um primeiro tempo em que o Brasil apresentou um bom futebol, justificando amplamente a vantagem de 1-0 com que encerrara os 45 minutos iniciais.
Assim Dunga é visto por muitos como o homem que convocou, por exemplo, Felipe Melo, outro polo de ferozes críticas por um estilo de futebol definido tosco e que a muitos não agrada. E, por tabela, é entendido agora como o técnico que, em parceria com o ex-jogador e ex-empresário Gilmar Rinaldi, será usado pelos cartolas da CBF para manter o mando do futebol e continuar desfrutando um bem que não lhes pertence, a seleção brasileira (afinal de contas o elemento humano é basicamente remunerado pelos clubes). Uma seleção que constitui um item de mercado dos mais interessantes e faria a felicidade de qualquer empresário, pois permite negociar com enormes lucros um produto baseado numa mão de obra obtida praticamente de graça. Isto graças a regulamentos internacionais que tem um ranço de exploração do homem pelo homem, no melhor estilo dos primeiros colonizadores e escravagistas