A final de consolação, dando à Holanda o terceiro lugar na Copa, num jogo que muitos entendem nem deveria ser disputado, pois colocou frente à frente duas seleções decepcionadas e desmotivadas, que tinham sonhado em lutar pelo título, e sofreram uma eliminação às vezes inesperada, acabou mostrando, pelo contrário, um jogo muito disputado e uma fácil e merecida vitória do time de Robben. Mas o que causou surpresa foi ver, ainda uma vez, uma seleção brasileira taticamente perdida, sobretudo em sua composição defensiva. Pois Scolari já tinha demonstrado muitas vezes, como na vitoriosa campanha da Copa do Brasil com o Palmeiras, que armar uma boa defesa ele sabe fazer, e muito bem.
Teremos agora o jogo que vale o título mundial. Um jogo a ser realizado no novo Maracanã, onde curiosamente o Brasil não chegou a atuar e que acabou sendo preparado para a festa dos outros, com a Alemanha detendo a condição de favorita frente à Argentina. Esse favoritismo, em minha opinião, advém de um melhor preparo, de uma superior condição física, pois a Alemanha teve um dia à mais de descanso, além de ter disputado uma tranquila semifinal, onde só se empenhou durante meia hora, já que o Brasil não exigiu mais do que isso. Enquanto isso, no dia seguinte, a Argentina enfrentou uma semifinal duríssima, com prorrogação e penais, que claramente desgastou bastante todo o time e para cuja completa recuperação necessitaria de pelo menos uns dois ou três dias mais.
Assim sendo, a Alemanha sai na frente nos prognósticos a ponto de entender que um eventual sucesso da Argentina seria algo inesperado e passa, forçosamente, por uma excepcional atuação de Messi, no nível do melhor Maradona de 1986. Só assim a Argentina teria condições de superar-se, chegar a seu terceiro título mundial e impedir o quarto da Alemanha.
O jogo reúne algumas personalidades mundiais que se situam em campos opostos, a começar pelos dois Papas, o alemão Ratzinger e o argentino Bergoglio , aquele dizendo que não vai assistir ao jogo e este afirmando que, se não puder vê-lo, vai ficar informado de seu desenrolar. E ambos, com muito fair-play, declarando que esperam vença o melhor. Talvez não ocorra mesmo com as duas presidentes, Cristina Kirchner e Dilma Roussef, esta última sendo, pelo protocolo, a encarregada de entregar a Copa ao capitão da seleção vencedora. Com que entusiasmo e satisfação o fará, ninguém sabe…