Ao lançar a sua linha 2015, a Volkswagen apresentou como maior destaque mecânico seu novo motor 1.6 MSI que, em extrema síntese, pode ser indicado como a continuidade do já conhecido motor 3 cilindros que equipa o Up! e uma versão do Fox. Essa continuidade se refere à utilização das mesmas tecnologias que marcam o irmão menor, tais como duplo circuito de arrefecimento, que permite temperaturas diferenciadas para o bloco e cabeçote e consequentemente melhor rendimento térmico. Ou ainda bloco e cabeçote de alumínio, comando de admissão variável e coletor de escapamento integrado, formando uma peça única, e ainda muita coisa mais. Aliás, ao se colocar lado a lado o Up! com motor 3 cilindros e o Gol Rallye com este novo 1.6 de 4 cilindros, basta observar que houve uma rotação horizontal de 180º para se detectar a grande semelhança entre ambos.
Essa nova motorização 1.6 traz, como grande diferença em relação ao 1.0 três cilindros, o objetivo de seu projeto. Enquanto o motor de menor cilindrada volta-se sobretudo para a economia de combustível, o novo 1.6, sem deixar de lado certa preocupação com a economia, tem como principal objetivo o desempenho. Isto se observa de imediato ao se ler a ficha técnica (coisa que recomendamos a todos os que vão comprar um carro pois dela se tiram importantes indicações quanto às características funcionais do veículo).
Assim a relação do diferencial, que era 4,188:1 no motor antigo, foi encurtada, passando para 4,357:1 no novo, o que significa que todas as marchas são mais curtas. Isto melhora seu desempenho e permite uma maior adequação à nova curva de torque, com seu pico não mais a 2.500 rpm mas a 4.000 rpm. Um pico que mostra um sensível incremento de torque, passando de 15,6 para 16,8 kgfm.
Para o motorista comum, não afeito a estas considerações técnicas, a impressão resultante é de um motor mais potente (o que é verdade, pois passa de 104 para 120 cv) e mais pronto nas respostas ao acelerador e portanto mais agradável de dirigir, tanto na estrada como, e sobretudo, na cidade.
Paralelamente, a transmissão automatizada denominada I-Motion foi modificada, sendo rotulada de versão 2, com uma mais gradual redução do torque do motor e seu retorno ao nível normal na conclusão da troca de marcha. Na prática, foi aumentado o tempo de deslizamento da embreagem, sem porém aumentar o tempo total da troca, pelo que os anéis sincronizados trabalham da mesma forma que antes, sem ter recebido uma carga extra. Aqui também, traduzindo isso para o leitor comum, sente-se que as trocas de marchas ficaram mais suaves, sobretudo em velocidades médias e baixas, o que aumenta o conforto de utilização do carro e ressalta o bom trabalho desenvolvido, de forma global, pela engenharia da VW..
Este motor, que por ora é exclusivo das versões Rallye do Gol e da Saveiro Cross, tem ainda, quando equipado com a transmissão automatizada I-Motion, a possibilidade de trocas manuais das marchas, seja através do acionamento da alavanca do câmbio, seja com o acionamento dos chamados “paddle shifts”, as pequenas alavancas situadas logo atrás do volante e que, de certa forma, remetem à F1 (introduzidas pelo projetista inglês John Barnard na Ferrari em 1989 e estreadas no GP do Brasil daquele ano, em Jacarepaguá).
Pelo resto, tanto Gol Rallye como Saveiro Cross mostram as qualidades mecânicas já conhecidas aliadas a um refinamento no acabamento o que faz prever seu sucesso comercial. E quanto ao novo motor, parece lógico que, aumentada a capacidade de produção da fábrica, ele vá, pouco a pouco, tomando o lugar do antigo 1.6 que, por enquanto, continua equipando todos os demais modelos.