Que as decisões jurídicas sejam extremamente demoradas não constitui surpresa para ninguém. E o desenrolar do caso “Portuguesa x CBF” é mais uma prova disso, além de colocar bem à vista, caso houvesse necessidade, de como o foro escolhido para a decisão pode influenciar o julgamento. Em outras palavras, fazendo um paralelo com o futebol jogado em campo, atuar em casa faz uma grande diferença, pois até mesmo os árbitros são mais facilmente influenciáveis.
Isto explica a razão pela qual a CBF, após a Portuguesa ter entrado na Justiça para fazer valer o Estatuto do Torcedor, e ficando o foro decisivo, como parece-me lógico, em São Paulo, tenha logo acionado o STJ pedindo que a ação promovida pela Portuguesa seja julgada no Rio. Em suma, jogando em casa, a CBF sabe que vai levar a melhor, enquanto em São Paulo tudo indica que a Portuguesa vai vencer. Qualquer julgamento da moralidade disso, prefiro deixar para a inteligência dos leitores…
De qualquer forma, a morosidade da decisão final foi confirmada pela decisão do STJ, após nada menos que um quarto de século, de apontar, em caráter definitivo, o Sport de Recife como único campeão brasileiro de 1987. O Flamengo viu assim deitadas por terra suas pretensões de ser declarado campeão brasileiro daquele ano, quando parte de seus atuais torcedores ainda não tinha nascido. E o Sport tem o direto de festejar uma conquista que, da mesma forma, seus mais jovens seguidores nunca viram.
A coisa, para quem a observa sem paixão clubística e à distância (essas brigas jurídicas jamais me interessaram) é, no mínimo curiosa, para não dizer folkloristica!