A Volkswagen nasceu com o Fusca e com o simpático carrinho se transformou numa indústria de âmbito internacional, teve depois o sucesso mundial, ainda em desenvolvimento, do Golf e desde 2011 está presente, com amplo êxito, no mercado europeu dos sub-compactos. O faz com o Up!, um carrinho que vai se situar no início da gama da VW no Brasil e que foi apresentado à imprensa nesta 4ª feira, aqui em Gramado.
Eu tinha visto e usado o Up! na Europa, e dele tinha uma impressão muito favorável, sobretudo por sentir o cuidado com os detalhes construtivos, o design tanto exterior como interior, as inteligentes soluções adotadas para ganhar espaço e poder oferecer uma habitabilidade para 4 pessoas (aqui, graças às modificações na parte traseira, caberão 5) que não é intuitiva para quem se limita a olhá-lo de fora. Mas, como tenho feito com os carros que testo na Europa e sei que depois serão produzidos aqui, preferi esperar pelo lançamento brasileiro, para não ter decepções.
O Up! brasileiro não me decepcionou em nada, muito pelo contrário. As alterações na suspensão, visando adequá-la às ruas e estradas nacionais, e começando por aumentar a altura livre do solo (item praticamente imprescindível), foram muito positivas e não tiraram nenhuma das qualidades que o Up! feito na cidade de Bratislava (Eslováquia) tem. A troca da porta traseira também não influenciou em nada o aspecto geral deste simpático carrinho, pelo que o julgamento amplamente positivo da versão original não vai ser mudado. E as outras modificações, de uma forma geral, buscaram eliminar pontos que provavelmente seriam objeto de reclamações por parte de nossos usuários, como, por exemplo, o estepe de largura reduzida, comum e aceito normalmente na Europa, mas que aqui ainda não ganhou direito de cidadania. E que foi inteligentemente substituído por um estepe normal.
Trata-se de um carro em que o trabalho do departamento de estilo foi intenso, pois as dimensões gerais do carro certamente não o facilitaram. Muito pelo contrário, o entre-eixos amplo, com as rodas quase junto aos para-choques, e o teto alto, todas imposições do departamento de engenharia para garantir habilitabilidade e capacidade de carga, foram outros tantos limites ao design. E de qualquer forma isto era a lógica consequência do projeto inicial, se lembrarmos que até mesmo o motor ( de 3 cilindros) foi projetado especialmente para este carro, o radiador está colocado ao lado do câmbio, tão compacto que permitiu colocar acima dele a bateria, o escape foi desenhado para caber exatamente no túnel central da plataforma, eliminando o silencioso traseiro para ganhar lugar para o tanque de combustível e eventualmente para o reservatório de gás numa futura versão deste tipo. Em suma, tudo foi feito para otimizar o espaço disponível e criar um carro que pode ser justamente definido como “pequeno por fora e grande por dentro”.
Rodando com este Up! brasileiro encontramos o já conhecido, excelente motor 3 cilindros que, alimentado com etanol, fornece 82 cv (na Europa, com gasolina, são 75 cv) e acoplado a um câmbio mecânico de 5 marchas de engates suaves e precisos ao mesmo tempo. A estabilidade é boa e jamais preocupa o motorista, pois sua reação, no limite, é sub-esterçante, que é facilmente corrigida. A frenagem também inspira confiança, tanto com só o motorista a bordo como com plena carga (nossos colegas da revista italiana Quattoruote verificaram diferença de apenas 0,4 metros nas duas condições, com o carro freado quando estava a 100 km/h). O consumo de combustível, em nosso teste realizado em auto-estradas e ruas de cidades do Velho Mundo, foi de 14,3 km/l, o que não fazia parecer pequeno o tanque onde cabem 35 litros. Mas aqui a VW foi além, e colocou um tanque de nada menos que 50 litros, o que aumentou incrivelmente sua autonomia. E, por fim, nível de ruído e conforto acústico estão entre os melhores da categoria.
Em suma, este Up! tem tudo para se transformar num best-seller também aqui no Brasil e ajudar a VW a alcançar seu ambicioso objetivo de tornar-se a maior produtora mundial de autoveículos. A resposta, como de hábito, caberá ao mercado.