Num primeiro momento, causou-me certa surpresa a diferença, de um dia para outro, das declarações do técnico Scolari com relação ao papel que a seleção brasileira fará na Copa do Mundo. Claramente para uso interno, Scolari tinha afirmado que o Brasil vai certamente ganhar a Copa. E eu entendo que um técnico de uma seleção de ponta, que vai ter a seu favor os fatores campo e torcida, não poderia se expressar de outra forma. Mesmo que não seja efetivamente este seu pensamento, não poderia deixar de expressar sua total confiança na equipe que dirige, piois, caso contrário, estaria desestimulando seus próprios jogadores. E, a favor desta tese, fica o histórico da própria Copa, quando se verifica que a seleção da casa, se tiver qualidades, sempre levantou o trofeu. E os casos do Brasil em 1950 e da Itália em 1990 constituem as clássicas exceções que confirmam a regra.
Depois, num evento da Fifa, expressou-se de forma bem diferente, entendendo que o Brasil tem chance de vitória mas também as tem outras seleções de destaque, como, por exemplo, Argentina, Alemanha e Espanha. E, com relação aos atuais campeões mundiais e bi-campeões europeus, não repetiu a leve ironia da declaração anterior, quando comparou o número de títulos mundiais de Brasil e Espanha.
Eu entendo que as duas declarações de certa forma se completam e visam evitar não só a formação de um perigoso clima de “já ganhou” como as severas e inevitáveis cobranças que torcida e desafetos lhe endereçariam em caso de insucesso. Pois não as posso aceitar como uma súbita mudança de opinião, sem que qualquer fato novo pudesse justificá-la. Afinal, Scolari nunca foi biruta de aeroporto…