Bernie Ecclestone, o todo poderoso chefão da F1, está em apuros, pois vai ser processado na Alemanha por corrupção. O caso tem como origem o banqueiro alemão Gerhard Gribkowsky que, num controle efetuados pelas autoridades fiscais, apareceu como quem recebeu, numa conta bancária na Austria, um depósito de 44 milhões de dólares. E ao pedido de explicação respondeu “esse dinheiro foi-me dado por Ecclestone”, num “negócio” que tinha tido como objetivo facilitar a cessão da holding F1 ao Grupo CVC. O fim da história, para Gribkowsky, foi uma condenação a 8 anos e meio de prisão.
Ecclestone, ao ser chamado para depor, afirmou que tinha sido chantageado por Gribkowsky que ameaçara revelar ao imposto de renda da Grã Bretanha detalhes altamente comprometedores de suas ações financeiras. E assim resolvera pagar para evitar maiores problemas.
A lei alemã pune o crime de corrupção com pena até o máximo de 5 anos de prisão, mas, sabe-se que, aos 82 anos de idade, um cidadão britânico não seria preso por isso. Assim a coisa poderia, de acordo com os advogados de Ecclestone, ser resolvida sem muitos problemas.
O verdadeiro problema é uma cláusula existente no contrato assinado em 2001 com a FIA, na ocasião presidida por Mosley, que garante à FOM, isto é a Ecclestone, a gestão dos direitos comerciais da F1 por 100 anos. A cláusula em questão reza que este direito decai imediatamente se o responsável pela FOM, no caso Ecclestone, for condenado penalmente, em qualquer momento. E é isso que realmente preocupa os advogados de Eccelestone.
Em minha opiniaõ, com Jean Todt atual presidente da FIA, o contrato poderia ser impugnado caso Ecclestone venha a ser realmente condenado, mas dificilmente Todt chegaria a este ponto. O mais provável é que o francês, que já teve muitos atritos com Ecclestone, viesse a usar essa clásula como instrumento de pressão. E isto preocupa, e muito, não apenas Ecclestone como todo seu grupo…
O mais curioso, nisso tudo, é que se diz na Alemanha que Ecclestone teria podido evitar todos este “imbroglio” se tivesse dado uma “caixinha” à pessoa certa, um certo Dieter Hahn, representante do Grupo Kirch (que depois faliu), que tinha como advogado Peter Gauweiler, anteriormente membro do Governo regional da Bavária. E que, com suas amizades poliíticas, teria podido impedir a abertura do processo. Só que para isso ele teria pedido nada menos que 500 milhões, dos quais 100 para o Grupo Kirch e 400 para a Bayerische Landesbank. E Ecclestone, como um veterano jogador de poquer, teria preferido blefar e ir até os tribunais…