O rebaixamento da Portuguesa, em função da irregularidade cometida com o jogador Heverton, era o final lógico e esperado de um jogo de cartas marcadas. Com efeito, no momento em que se tornou público o erro cometido pela Portuguesa, ficou claro que a solução seria seu rebaixamento. Pois, em tal caso, salvar-se-ia o Fluminense de um rebaixamento que, no campo de jogo, o clube carioca tinha amplamente merecido.
Mas é sabida a força política que o clube, com muita justiça apelidado de “Rei do Tapetão”, tem nos bastidores e assim sendo a Portuguesa acabou condenada a um rebaixamento que seu time tinha conseguido evitar em campo. Naturalmente a Portuguesa tem ainda a chance do recurso, que deverá ser julgado antes do fim do ano, mas é extremamente improvável que a sentença condenatória venha a ser modificada. Ainda mais lembrando que a decisão foi tomada por unanimidade, o que, por si só, sinaliza o desfecho definitivo do caso.
É uma pena que não tenha sido utilizado um mínimo de bom senso na análise do caso, pois os regulamentos esportivos estão cheios de falhas e contradições. Aliás, em minha opinião, falhas e contradições propositais, para que os leguleios do momento possam encontrar as brechas necessárias para salvar os clubes influentes.
A penalização de 4 pontos, a ser aplicada no próximo campeonato, onde a Portuguesa começaria então com -4, como aliás acontece, por exemplo, no campeonato italiano, teria sido uma solução que aliaria o respeito aos regulamentos à necessidade de se punir o clube por seu erro administrativo. Mas isso não salvaria o Fluminense do rebaixamento e, por tanto, não foi nem cogitado. E não se diga que o mesmo critério foi também utilizado, como elementar sentido de justiça, no caso do Flamengo, ele também condenado, por unanimidade, a perder 4 pontos. Pois essa punição nada muda para o Flamengo, que apenas passa a ser o último, antes da zona de rebaixamento. Se essa decisão acarretaria o rebaixamento do Flamengo, como acontece com a Portuguesa, certamente o veredicto seria bem diferente. Ou alguém acredita em Papai Noel?
Eu entendo que tudo isso, num futebol onde os grandes sempre levam a melhor e as contingências financeiras estão na linha de frente, seja até coerente. Mas nem por isso deixo de ficar com pena do pobre torcedor, que tira de seu minguado ordenado um dinheiro suado para assistir aos jogos de seu time do coração, e não percebe que está assistindo sim a um jogo, mas que esse jogo tem, muitas vezes, cartas marcadas.
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