O campeonato brasileiro está apresentando algumas festas, por sinal bem merecidas, e a presença do Bom Senso FC, o movimento dos jogadores que buscam reformular o futebol brasileiro.
A festa foi, principalmente, do Cruzeiro, que marcou com mais uma vitória uma temporada excepcional, conquistando matematicamente o título com 4 rodadas de antecipação. E isso estabelecendo uma clamorosa vantagem de 16 pontos (74 contra apenas 58 do vice-líder Atlético paranaense), o que demonstra uma superioridade tão clamorosa como inesperada antes do começo do campeonato.
E faz de seu técnico, o competente Marcelo Oliveira, mais uma estrela do firmamento dos treinadores nacionais. Uma estrela cujo brilho poderá ser confirmado – ou não, pois o futuro é imprevisível – nos próximos anos. E sob seu comando, um elenco em que, ao lado de bons jogadores, como o goleiro Fábio e o central Dedé, por exemplo, situam-se outros que estavam em baixa e conseguiram voltar a brilhar. Como Dagoberto e Julio Baptista.
Ao lado do Cruzeiro, mas atualmente com ambições bem menores, podemos colocar Corinthians e São Paulo, cujo objetivo é terminar o campeonato de forma honrosa e, contemporaneamente, recuperar alguns jogadores. No São Paulo o goleiro Rogério conseguiu voltar a comemorar um gol de penal enquanto no Corinthians Pato continua enfrentando uma expectativa superior às próprias possibilidades, sobretudo (pela ausência de Guerrero) ao ser escalado como centroavante em lugar de seu posicionamento mais correto, o de segundo homem de frente.
Quanto ao Bom Senso FC, conseguiu, na rodada deste meio de semana, fazer-se presente com algumas interessantes e inteligentes manifestações no campo, já que nos gabinetes a posição de muitos cartolas continua sendo a do senhor de escravos. Infelizmente para os jogadores, no Brasil não existe um sindicato forte, os atletas quase sempre buscaram soluções pessoais, bem ao estilo de “cada um por si, e Deus por todos”. E aí a cartolagem deita e rola.
Ainda existe tempo para que se crie uma consciência coletiva, o que teria como imediata consequência o surgimento de um sindicato forte, capaz, por exemplo, de determinar uma greve que parasse o futebol em todo o Brasil. Mas isso só será possível a médio e longo prazo, nunca em dois ou três anos apenas. Até lá, os senhores de escravos estarão mandando e desmandando à vontade…