As extensas conversações que os jogadores de futebol, representados pelo movimento independente denominado Bom Senso, estão tendo com todas as demais partes envolvidas, ainda não produziram nenhuma consequência prática. Nem se poderia esperar que isso acontecesse, pois as questões postas na mesa são várias e vão mexer, em última análise com o poderio dos cartolas. Prontos, como todo bom político, a conversar, estabelecer metas, promover simpósios mas frontalmente contrários a aceitar a redução de seus privilégios.
Onde se viu jogador pretender que o clube tenha “fair-play” financeiro, isto é que cartolas em busca de sucesso e renome tenham suas contas monitoradas e respondam com seu patrimônio pessoal a eventuais desmandos ? Ora, os jogadores devem jogar, são pagos para isso, a absoluta maioria com salários bem pequenos, uma minoria com salários fora da realidade do Brasil, mas não podem pretender mais nada. Este é o pensamento, que vem da época da importação de escravos negros, arraigada no fundo do cérebro de quase todos os dirigentes.
Assim as primeiras conversações redundaram no estabelecimento do ano de 2015 como meta para iniciar as mudanças, com férias de 30 dias corridos, seguidas por 30 dias de pré-temporada e ausência de jogos no mês de janeiro. Quanto ao fair-play financeiro veremos mais tarde, tentando aí envolver também o Governo que tem amplos créditos a receber. Créditos que pouco provavelmente um dia serão totalmente pagos, de acordo com a lógica e os exemplos vistos até aqui.
Então o que se pode questionar, neste momento, é o que vai realmente acontecer, após essa bandeira levantada pelos jogadores, que retoma tentativas passadas, desde Afonsinho e Sócrates, entre outros, e que hoje poderia eventualmente contar com o apoio de Romário, na sua condição de deputado federal. Os otimistas verão o copo meio cheio, os pessimistas meio vazio. Eu, baseado em décadas de experiência aqui e pelo mundo afora, vejo apenas o copo pela metade…embora torça, como sempre fiz, para que a outra metade chegue o quanto antes.