Assim como acontecia nos romances criminais de antigamente onde o mordomo sempre era o culpado pelo crime, no futebol a culpa pelas campanhas ruins é do técnico.
Na literatura os autores se adaptaram à evolução da vida e dos homens e mudaram os roteiros passando a levantar suspeita sobre vários partícipes da história atribuindo a cada um características que o envolvem com o delito.
No futebol não. O técnico permanece ao longo do tempo sendo apontado como o culpado pelos desastres da equipe. Aqui ou em qualquer outro lugar. Perdeu seguidos jogos… Troca-se o treinador. Ele não consegue dominar o elenco, não sabe escalar, não sabe substituir, dá muita liberdade para os jogadores etc. etc. etc. As desculpas para demiti-lo são as mais diversas. O que importa é dar uma satisfação para a torcida ou, se preferirem, ganhar tempo com enganações. Cortina de fumaça para desviar a atenção do foco principal.
O mais impressionante é que o técnico demitido hoje por ser considerado incapaz será contratado alguns anos depois como o homem capaz de salvar o clube em nova fase negativa,
Os dirigentes não se renovam. Basta qualquer movimento de descontentamento da torcida organizada e o técnico e a sua equipe vão para a rua, seja ele quem for. Pode ter ganho tudo na temporada anterior, não importa. Agora está desgastado. Está com prazo vencido.
Os dirigentes que são empregadores ainda não descobriram, ou não lhes interessa descobrir, um método eficaz de avaliação dos jogadores. Nas empresas (às vezes por eles administradas) se o funcionário for improdutivo, após análise criteriosa, será demitido. Nos clubes não. Porque os dirigentes afirmam que não têm como avaliar um atleta. Daí pau no técnico.
No atual Campeonato Brasileiro 20 técnicos foram demitidos (até o instante em que escrevo esta matéria) em 25 rodadas. Só o São Paulo demitiu dois. Na maioria dos casos a troca nada acrescentou. Ao contrário até piorou, mas tenham a certeza de que aqueles que agora são aplaudidos daqui a alguns jogos já não servirão mais, ou seja, senta e chora.
Waldo Braga