O brasileiro tem memória curta e é um iconoclasta incurável.
Torcedor de futebol então nem se fala. Esquece rapidamente todos os feitos, todos os gols marcados, todas as defesas, todos os títulos conquistados.
Vale o momento e não o conjunto da obra. Se for contrariado, se o seu time perder, pronto: quem era ídolo até ontem, hoje não presta. Está vendido. É mercenário. Está engajado na política etc. etc. etc.
Parem! Façam um vácuo mental. Impeçam que a momentânea dor do coração interfira na razão. Lembrem-se de que Rogério Ceni antes de ser jogador é um ser humano, portanto, sujeito a decisões erradas e a falhar no seu trabalho.
Ele é goleiro, a única posição individual num esporte coletivo. Ele é, na atualidade, o jogador que mais tempo permaneceu num clube. E por amor a esse clube. Ele é recordista de jogos num clube. Ele é o goleiro que mais gols marcou na carreira etc. etc. etc.
Ah ele já deveria ter parado! Também acho, mas devemos nos lembrar que muito da sua trajetória brilhante se deve à sua obstinação em se superar. Ele sempre procurou ser diferenciado pelo trabalho.
Sempre noticiamos que ele é o primeiro a chegar ao campo de treinamento e o último a sair permanecendo após o treino fazendo cobranças de falta para se aperfeiçoar.
E deu muitas vitórias e títulos ao São Paulo graças a esse trabalho.
Lembram-se daquela defesa no final do jogo de 2005 no Japão? Valeu o terceiro campeonato mundial para o São Paulo.
Preservem o seu ídolo. O grande Rogério Ceni merece respeito.
Waldo Braga